TRIGO: Primeiros leilões de 2010 vão apoiar a venda de 474 mil toneladas de trigo

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A atual safra não foi favorável para os produtores de trigo que, além de terem a produção parcialmente 
destruída pelas chuvas no Sul do país, ainda enfrentam problemas para vender o produto. Os negócios estão praticamente parados por causa do aumento da produção mundial e da forte valorização do real diante do dólar. Com altos estoques, os moinhos brasileiros passaram a ter mais opções de compra de trigo e pressionam o preço para baixo. Em 2010, a estratégia do Ministério da Agricultura para lidar com o problema é intensificar as operações via PEP (Prêmio para Escoamento da Produção), um subsídio pago a moinhos que adquirirem a produção nacional. Em janeiro, ocorrerão quatro leilões. O  primeiro deles acontecerá no dia 7, visando subsidiar a compra de 474 mil toneladas. Os demais serão realizados a cada quinta-feira do mês de janeiro. "O produtor reclama porque quer vender a safra rapidamente, mas nem os moinhos brasileiros têm capacidade de estocar toda a safra de uma vez. A ação do governo vai equalizar os preços de pelo menos 70% de todo o trigo colhido", diz José Maria dos Anjos, diretor de comercialização agrícola do Ministério da Agricultura.

Estados atendidos - O objetivo dos dois primeiros leilões de 2010, realizados por intermédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é atender produtores rurais da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e do Distrito Federal. "Esses leilões de janeiro vão apoiar a comercialização do trigo e garantir tanto a venda do grão pelo preço mínimo fixado pelo governo, quanto o seu deslocamento para regiões deficitárias", salienta o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, José Maria dos Anjos. O volume total do trigo vendido por meio dos leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) realizados desde o início da safra alcançou, até agora, 2.073 mil toneladas.

PEP - No PEP, o governo banca para o comprador a diferença entre o preço de mercado e o mínimo fixado. Segundo o ministério, esse subsídio deverá custar R$ 600 milhões. Esta estratégia de comercialização garante o preço mínimo ao agricultor.

Paraná - "Diante da atual conjuntura, o preço mínimo é a melhor remuneração que o agricultor pode conseguir pela venda do produto", avalia o gerente de Técnico e Econômico da Ocepar, Flávio Turra. Segundo ele, o seis leilões já realizados pelo governo possibilitaram a comercialização de 1 milhão de toneladas de trigo paranaense. "Graças a este mecanismo, o estado já conseguiu comercializar 45% da safra de trigo, volume que ainda está abaixo das expectativas. Nos anos anteriores, nesta mesma época do ano, em média 60% da safra já tinha sido comercializada", avalia. As dificuldades que os produtores de trigo estão enfrentando para escoar a produção, certamente trarão reflexos na próxima safra. "Já estamos contando com isso, tanto que a expectativa é que o produtor diminua a área plantada com trigo e aumente o plantio do milho safrinha, embora estas duas culturas estejam com os preços abaixo do mínimo", comenta Flávio Turra.

Safra nacional - De acordo com a última estimativa na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgada neste mês, o Brasil deverá colher 5 milhões de toneladas na safra 2009. A produção está concentrada em 80 mil propriedades no Paraná (50% da produção) e no Rio Grande do Sul (36%). O país consome 10,6 milhões de toneladas/ano. A diferença é importada. As importações deverão ocorrer em volume ainda maior nos próximos meses por causa do estrago provocado pela chuva, entre outubro e novembro, nas lavouras do Paraná e Rio Grande do Sul. O tamanho exato do prejuízo só será conhecido em janeiro. Se confirmada a dimensão das perdas, o trigo afetado, que só será utilizado para a fabricação de ração animal, pode equivaler a um mês do consumo nacional. (Com informações Mapa e Folha de São Paulo)

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