TRIGO: Sem apoio, caminho pode ser exportar o produto

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Mais uma vez, atendendo a um apelo do governo, os triticultores brasileiros ampliaram a produção de trigo. Este ano, o Brasil deve colher 5,4 milhões de toneladas de trigo, frente a um consumo interno de 10,5 milhões de toneladas. Só o Paraná responde por 50% da safra nacional. Para o presidente da Câmara Setorial das Culturas de Inverno, Rui Polidoro, caso não haja apoio do governo ou acordo com o setor da indústria, um caminho para produtores e cooperativas pode ser a exportação do produto, aumentando ainda mais o déficit interno pelo cereal. "Estamos no pico da comercialização, mas a situação do trigo no momento é preocupante. Precisamos urgente de um socorro do governo porque corremos risco de ficarmos com o produto armazenado por um bom tempo, arcando com despesas de armazenagem e sem liquidez para os produtores", disse Rui Polidoro, durante visita à Ocepar na segunda-feira (20/10). Ele participa em Curitiba do 15º Congresso Internacional do Trigo no Brasil, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Eles discutem, até hoje (21/10), a integração do setor como forma de ampliar o volume produzido e a qualidade do cereal.

Desafio - De acordo com Polidoro, o grande desafio no momento é garantir que o setor tenha recursos para escoar a produção. "Há cerca de quatro meses, elaboramos um protocolo, o qual foi consolidado na Ocepar, com várias solicitações para o governo no sentido de apoiar a comercialização. A discussão foi retomada na última reunião da Câmara Setorial, durante a Expointer, e agora novamente voltamos a debater o assunto no Congresso em Curitiba. Estamos otimistas que com esse novo debate, que contou com a presença de representantes do Ministério da Agricultura, e até do próprio ministro Reinhold Stephanes, teremos um desfecho favorável para a situação", afirma.

Exportar - Segundo Rui Polidoro, caso não haja consenso com o protocolo de intenções e sem apoio oficial, os triticultores podem optar pela exportação do produto. Mesmo com os estoques mundiais em baixa, o momento de instabilidade econômica faz com que o mercado esteja retraído, mas segundo Rui Polidoro, de um momento para outro pode mudar e daí a opção de exportar o cereal seja um caminho. "É uma opção que já foi utilizada no passado, inclusive pelos produtores do Rio Grande do Sul e Paraná e que pode voltar acontecer, caso não seja negociada uma solução para a questão", frisou.

Prioridade - Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edílson Guimarães, a cultura é prioridade para o governo. "Até 2012, o Brasil deverá produzir 60% do que é consumido no País, libertando-se em parte da importação do trigo argentino. Para isso, o governo está lançando uma série de mecanismos de apoio à comercialização". Para o secretário, eventos como o que está sendo realizado em Curitiba são essenciais para os ajustes que deverão ser feitos nesses instrumentos, como o da Aquisição do Governo Federal (AGF), leilões de Prêmio de Escoamento do Produto(PEP) para as regiões Norte e Nordeste e nos leilões de contratos de opção de venda, por meio do qual o agricultor pode comprar o produto e entregar na data fixada, que é março de 2009, podendo antecipar para janeiro.

Recursos - O diretor do departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola do ministério, José Maria dos Anjos, lembrou que o governo disponibilizou R$ 485 milhões para apoiar a comercialização desta safra. Segundo Roland Guth, do Sindicato da Indústria do Trigo no Paraná, o trigo produzido no estado já está quase todo colhido, uma produção recorde em torno de 3 milhões de toneladas. Uma das propostas apresentadas neste encontro, de acordo com Guth, é a criação de um fórum de competitividade, onde todos os atores do setor serão representados, a fim de contribuir com soluções para que os gargalos que impedem uma maior produção sejam solucionados a curto prazo. "Um exemplo é a variação no preço do trigo, muito grande devido às oscilações do mercado internacional, e isso desestimula o produtor que planta numa safra e já não planta na próxima", cita Guth. (Com informações Agência Brasil)

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