TRIGO: Sérgio Amaral visita Ocepar e defende diálogo

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Um projeto de integração, envolvendo os triticultores brasileiros, os moinhos e o setor de panificação, pode ajudar a resolver os problemas e gargalos que são comuns e afetam toda a cadeia produtiva do trigo. Isto é o que defende o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral, que visitou nesta sexta-feira (15.08), a sede do Sistema Ocepar, em Curitiba. Recebido pelo presidente João Paulo Koslovski, Sérgio Amaral disse que o seu objetivo na presidência da Abitrigo, cargo que assumiu há cerca de um mês, é buscar um maior diálogo entre produtores e indústria. "Há dificuldades, não podemos negar, temos que enxergar a realidade, mas é preciso haver mais diálogo e trabalho em conjunto. E não é só discutir e buscar soluções, mas também acompanhar e cobrar juntos para que os projetos andem", afirmou. Sérgio Amaral assumiu há 30 dias a presidência da Abitrigo, ex-ministro da indústria e comércio, ex-secretário de comunicação social de FHC, ex-embaixador do Brasil em Londres e em Paris. Nesta visita a Ocepar ele estava acompanhado do presidente do Sinditrigo Paraná, Marcelo Vosnika, de Luiz Martins, presidente do Conselho de Deliberativo da Abitrigo e de Roland Guth e Adam Stemer. O superintendente adjunto, Nelson Costa e o gerente técnico econômico, Flávio Turra, da Ocepar também acompanharam a reunião.

Visita - De acordo com Amaral, a visita à Ocepar foi sugerida pelo ministro Reinhold Stephanes, em função  da importância que o Paraná tem na produção nacional de trigo, respondendo por 50% da safra nacional, e também pela importância do Estado na produção da farinha de trigo. "Meu objetivo é entender melhor a relação entre os produtores de trigo, os produtores de farinha e os moinhos. Saio da visita satisfeito, porque estou convencido de que temos muito a ganhar se trabalharmos mais de perto. Sei que no Paraná há um diálogo antigo, entre os produtores de trigo e os de farinha, mas acredito que podemos fazer mais coisas juntos", disse.

Panorama - Na oportunidade, o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski relatou ao presidente da Abitrigo, um panorama atual da triticultura paranaense e do trabalho realizado pela Ocepar e pelas cooperativas, ao longo dos anos, na defesa da triticultura paranaense. "Temos muito que avançar e esta reunião com o embaixador Sérgio Amaral, serviu para identificarmos tudo aquilo em comum que interessa tanto à indústria como aos produtores e cooperativas". Koslovski fez questão de ressaltar que os pleitos realizados pelo setor não pode atender apenas o interesse de uma das partes, "nossas reivindicações tem que ser boa para todos e não só para um setor apenas".

Problemas que são comuns - A sugestão do presidente da Abitrigo é ampliar as discussões, seja na Câmara Setorial do Trigo ou além dela. "Temos que envolver toda a cadeia, da produção até a industrialização. Podemos discutir juntos os gargalos que existem nessa cadeia, como as dificuldades no escoamento de safra, o custo do frete, o problema do financiamento do produtor agrícola, os preços mínimos, o problema no relacionamento com a Argentina, que preocupa igualmente a todos, ou então, a necessidade de agregação do valor e valorização do trigo, a exemplo do que foi feito com os cafés especiais", disse.  Sérgio Amaral comenta que, muitas das questões que ele têm levantado desde que assumiu a presidência da Abitrigo, já foram anteriormente defendidas pela Ocepar. "Sei que a Ocepar tem sido bastante atuante e já elaborou vários projetos voltados para a cadeia do trigo. Também nessa questão, podemos unir forças e atuar juntos em Brasília, reforçando a cobrança para que as ações aconteçam", sugeriu. 

Diferenças - O presidente da Abitrigo reconhece que os setores (produção e indústria) têm atividades  econômicas distintas e que há alguns pontos que geram opiniões contrárias. "Ao lado de uma grande convergência é normal que haja áreas com dificuldade, mas usando uma expressão utilizada pelo João Luiz Biscaia, diretor da Federação da Agricultura do Paraná, temos 95% de convergência e 5% de diferença. O problema é que esses 5% provocam 95% de ruído, e não há nenhuma razão para isso", afirmou.

Estabilidade - A Abitrigo entende, completou Sérgio Amaral, que é preciso dar segurança e previsibilidade ao produtor de trigo. Da mesma forma, ele acredita que é importante para o produtor ter uma indústria moageira compradora que dê a estabilidade que o triticultor precisa. "Podemos, inclusive, conversar sobre algumas hipóteses, envolvendo, por exemplo, o preço. Não sobre um compromisso de preço, porque isto é difícil, afinal estamos numa economia internacionalizada, mas criar referências para os preços que atenuem um pouco essa situação de montanha-russa em que vive o produtor e o moinho. Uma situação que boa para nenhum dos dois, pois numa hora o preço está no pico e depois despensa para o vale. Tem que haver mais de estabilidade e previsibilidade", reforçou.

Conflitos de interesse - Na avaliação de João Paulo Koslovski, a visita do presidente da Abitrigo, Sérgio Amaral, foi positiva na medida em que se busca o diálogo para resolver os conflitos de interesse que por ventura apareçam. Koslovski aproveitou para manifestar sua preocupação em relação a possível decisão do governo em dilatar o prazo para importação de trigo de países fora do Mercosul, sem a cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC), fato este que prejudicaria os produtores brasileiros que conseguem concorrer com o produto importado. "Falei ao embaixador que se isto acontecer será um retrocesso e contraria tudo aquilo que já discutimos com o governo, através do ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) e com o setor da indústria".

Unir esforços - Koslovski também relatou ao presidente da Abitrigo da necessidade de implantação de uma política de apoio à comercialização da safra que já começa a ser colhida, alocação de recursos para a AGF (Aquisição do Governo Federal), EGF (Empréstimos do Governo Federal) para os produtores brasileiros de trigo. "Precisamos unir esforços para diminuir nossa dependência do trigo importado, isto somente será possível com medidas que estimulem a produção, caso contrário, os próprios moinhos terão dificuldades em obter matéria-prima. Temos que pensar a curto, médio e longo prazo também e continuamos a disposição para o diálogo, seja com o governo ou com a indústria moageira", frisou o presidente da Ocepar.

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