TRIGO: Stephanes lamenta decisão de reduzir preço mínimo

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O ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, lamentou, nesta quarta-feira (30), a medida aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que reduziu o preço mínimo do trigo em 10%. A mudança vigora a partir de amanhã (1º de julho) e os preços mínimos que serão adotados na Região Sul, para a próxima safra, vão variar de R$ 19,20, o trigo brando tipo 3, a R$ a 29,97, o trigo melhorador tipo 1, ou seja, de R$ 530,00, a tonelada caiu para 477,00 para o produto tipo pão.

Estímulo - Durante sua gestão no Ministério, Reinhold Stephanes lançou uma política nacional para aumentar em 25% a produção de trigo da safra entre os anos 2008 e 2009. O reajuste em 20% do preço mínimo do trigo foi uma das medidas adotadas, na ocasião, para apoio ao setor. A iniciativa visava a garantia de uma produção de 4,75 milhões de toneladas, o que corresponde a 47% da demanda brasileira. A diferença é suprida com importações, principalmente da Argentina e de países cujas produções são subsidiadas, como os Estados Unidos e o Canadá. "Mesmo a Argentina tem demonstrado instabilidade muito grande no fornecimento do produto", ponderou.

 

Empregos - O ex-ministro rejeitou, ainda, o argumento de que a redução do preço mínimo vá influenciar na queda do valor do pão para o consumidor. "Quem usa a lógica de mercado e essa história do pãozinho para justificar a redução mostra que desconhece o assunto ou não tem preocupação com 180 mil empregos ligados ao setor, nem com a situação econômica dos munícipios das regiões produtoras", afirmou. Reinhold Stephanes explicou que na formação do preço do pãozinho, o trigo em grão entra com apenas 10% do custo. "Por isso, não tem sentido apelar para o pãozinho.  É necessário o estabelecimento de preços mínimos para o trigo com base nos custos operacionais de produção, e não apenas nos preços de mercado", conclui.


Produção - Para Stephanes, o Brasil já tem condições de produzir trigo com qualidade superior e com a produtividade adequada e o apoio do governo à produção e à comercialização diminuiria a dependência externa do País em relação ao cereal. Além disso, a cultura tem papel relevante na produção de soja, já que o trigo, ao ser cultivado em sucessão à oleaginosa, mantém o solo fertilizado. Ele lembrou, no entanto, que O alto custo de produção é um fator que inibe a ampliação da área cultivada no Brasil. Os maiores produtores nacionais de trigo são os estados do Paraná e o Rio Grande do Sul.

 

Articulação - O ex-ministro informou, também, que os presidentes das comissões de Agricultura, Aberlardo Lupion; o coordenador da bancada federal, Alex Canziani; e o deputado federal Moacir Michelleto, estão articulando um movimento, junto com as cooperativas e a Federação de Agricultura do Estado do Paraná, em defesa dos produtores de trigo do País.

 

Ocepar - Tão logo tomou conhecimento da decisão em reduzir o preço mínimo do trigo, a Ocepar protestou enviando correspondência aos ministros da Agricultura, Wagner Rossi, da Fazenda, Guido Mantega e do Planejamento, Paulo Bernardo, aos deputados federais e senadores, alertando o que isto poderia significar para a triticultura nacional. Mais recentemente o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski encaminhou ofício ao presidente Lula, solicitando a revogação da medida anunciada na semana passada pelo Ministério da Agricultura que decidiu pela redução em 10% no preço mínimo do trigo para a safra 2010. "Não podemos concordar com essa decisão, pois ela representa perda considerável aos 80 mil triticultores paranaenses, dos quais, 75% são pequenos proprietários rurais, com áreas inferiores a 50 hectares. Apesar do desestímulo, a triticultura apresenta benefícios para o Brasil, para o produtor rural e para o meio ambiente", destaca Koslovski. A Ocepar ainda solicitou ao governador Orlando Pessuti a interferência do governo do Estado no sentido de reverter tal decisão.

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