USDA: Commodities agrícolas seguirão acima da média histórica

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As cotações das commodities alimentícias deverão permanecerão acima de níveis históricos em 2009, afetando os países pobres pelo terceiro ano consecutivo, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A previsão da conferência anual do USDA em Washington aponta para preços mais baixos do que no primeiro semestre do ano passado, quando commodities como milho, trigo, soja e arroz atingiram máximas históricas. Joseph Glauber, economista-chefe do USDA, disse que o impacto da crise econômica sobre o consumo de alimentos deprimiu temporariamente os preços das commoditie agrícolas, mas advertiu que os preços deverão permanecer bem acima da média nos oito anos desde 2000.

Retorno - Glauber disse que as perspectivas são "de um retorno de preços mais altos", pois algumas das pressões que motivaram os aumentos no ano passado e um crescimento relativamente forte em mercados emergentes "voltarão a desempenhar um papel importante" neste ano ou no início de 2010. "Este será novamente um ano difícil (para países pobres)", disse ele.

Trigo - O USDA prevê que os preços do trigo na porteira, nos EUA, ficarão abaixo do nível recorde em 2008, mas acima da média do biênio 2006-2007, quando as cotações começaram a subir e chegaram a desencadear uma crise alimentícia mundial.

Países em desenvolvimento - A perspectiva de preços mais altos era uma particular preocupação para países em desenvolvimento exatamente no momento em que a crise econômica impactou suas perspectivas, foi dito à conferência. Os comerciantes de alimentos advertiram que alguns países africanos estão defrontando-se com dificuldades para garantir suas importações de commodities alimentícias em meio a um crédito apertado.

Crise de alimentos - Christopher Delgado, um consultor para políticas agrícolas no Banco Mundial, advertiu a conferência que, apesar de uma queda nos preços dos alimentos, os preços do milho estão pelo menos 40% acima da média do período 2003-2006, e os preços do arroz estão 100% mais altos. "A crise de alimentos não foi embora", disse ele. "Na realidade, ela está voltando".

Fome no mundo - O número de pessoas famintas no mundo, no ano passado, saltou para quase 1 bilhão, devido ao impacto da crise mundial de alimentos, quando foram registrados preços recordes para commodities agrícolas e manifestações de protesto nas ruas contra a falta de alimentos em vários países - do Haiti a Bangladesh. O impacto de longo prazo da crise de alimentos deverá induzir os países a adotarem políticas alimentícias mais protecionistas.

Proibições - Uma preocupação central continua a ser com as proibições a exportações que alguns grandes vendedores de commodities agrícolas impuseram nos últimos 18 meses. O Vietnã, segundo maior exportador de arroz do mundo, anunciou na semana passada uma proibição de quatro meses à vendas de arroz no exterior. Na Argentina, cresceram as especulações de que o governo poderá criar um "diretoria de comércio" para grãos e sementes oleaginosas, visando assumir maior controle sobre um setor da economia crucial na geração de receitas e permitir ao governo estabelecer pisos para os preços.

Terceirização - Wayne Jones, diretor de mercados agrícolas e alimentícios na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCED), disse que os países em desenvolvimento estão migrando "de importação para terceirização" da produção em terras agrícolas, e de "intervenções privadas para públicas nos mercados". "Para países de baixa renda e importadores de alimentos, essa (transição rumo a preços mais altos de produtos agrícolas) é assustador", disse ele. (Financial Times, publicado no Valor Econômico)

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