Inovação e aprendizado: integrado da Cocari desenvolve software para automação de processos na piscicultura

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cocari inovacaoO piscicultor Roberto de Carvalho, integrado da Cocari na comunidade de Aquidaban, está vivendo uma experiência singular: ao mesmo tempo em que desenvolve seu primeiro ciclo de criação de tilápias na cooperativa, estrutura também um projeto de inovação tecnológica que pode ampliar a competitividade da cadeia produtiva nos próximos anos.

Instalado há oito meses na região, em área arrendada onde implantou dois tanques com 18.823 m² e alojou 115 mil peixes, Roberto está em pleno processo de formação como produtor integrado do programa de piscicultura da Cocari. Hoje, o primeiro lote está com cerca de 70 dias de criação, e a despesca está prevista para março de 2026, quando os animais completam cerca de oito meses — tempo médio de abate comercial.

Aprendizado diário com a equipe técnica da Cocari

Com bom humor, o produtor costuma dizer que ele e sua equipe são “estagiários” na criação de peixes”, em referência à intensa troca de conhecimento técnico adquirido no dia a dia. O acompanhamento da equipe de piscicultura da Cocari e as orientações de manejo têm sido essenciais para ajustar processos e compreender as particularidades da produção de tilápias em escala comercial.

Para a especialista da Cocari, Mariana Colhado, a chegada de Roberto traz perspectivas promissoras: “Eles optaram pela integração com a Cocari por poder contar com o suporte técnico e a expertise da Cocari, o que acelera o aprendizado e garante boas práticas na produção. E, além de produtor, Roberto é um empreendedor que pode contribuir com soluções inovadoras para a piscicultura.”

Da pecuária ao peixe: tecnologia como ponte

Roberto e seu sócio, Carlos Alberto Martins, são fundadores da UltraData, empresa que atua há anos no desenvolvimento de soluções tecnológicas para pecuária e agricultura. Entre os produtos já consolidados estão sistemas de rastreamento animal com tags eletrônicas e sensores de monitoramento de solo que coletam dados de umidade, temperatura e nutrientes, otimizando irrigação e fertilização. A empresa também possui um histórico de mais de 10 anos em projetos de monitoramento e mapeamento na área de apicultura, com a criação de um atlas nacional do setor.

Agora, a piscicultura tornou-se o novo passo estratégico: “Nós somos desenvolvedores de software que resolveram criar peixes”, resume Roberto, reforçando que a entrada na atividade ocorreu para que ele e o sócio pudessem entender profundamente os processos — condição essencial para o desenvolvimento de um software realmente útil ao setor.

Para isso, criaram uma nova empresa com sede em Aquidaban e oficializaram sua entrada como integrados da Cocari, com o objetivo de vivenciar a rotina do produtor.

Dados para decisões mais assertivas

A partir da vivência prática nos tanques e da troca técnica com a equipe da cooperativa, Roberto e Carlos ajustam, diariamente, os parâmetros do software em desenvolvimento. O objetivo: automatizar processos, reduzir desperdícios, melhorar a tomada de decisão e aumentar a eficiência produtiva.

A ferramenta trabalha com informações coletadas por sensores instalados no ambiente de produção, permitindo o controle de variáveis essenciais para o desempenho dos peixes.

Um dos exemplos citados por Roberto é o manejo alimentar:

  • Quando a pressão barométrica está baixa, associada a outros fatores simultâneos, como temperatura da água, oxigênio dissolvido, hora do dia, entre outros, os peixes tendem a reduzir ou interromper a subida à superfície para se alimentar;

  • Em situações de vento forte, a ração pode ser empurrada e depositada nas margens, causando perda de acesso ao alimento por parte do cardume, reduzindo o consumo;

  • A distribuição inadequada de alimento não apenas prejudica o ganho de peso, como compromete a qualidade da água.

O software busca integrar dados como temperatura da água e do ambiente, pressão barométrica, força dos ventos e horários de alimentação, ajustando automaticamente o funcionamento dos alimentadores para garantir a oferta adequada de ração, evitando perdas e impactando positivamente o desempenho zootécnico.

Gestão de insumos e controle de estoque

Outro benefício previsto pela solução é o controle preciso do estoque de ração nos silos, uma dor comum entre produtores. Hoje, muitos silos são originalmente projetados para aves e precisam de adaptações para a piscicultura, o que dificulta a medição do volume real.

Com sensores de volumetria, a plataforma pretende registrar o consumo diário, prever necessidades futuras e orientar o produtor sobre o momento ideal para solicitar novo carregamento.

Lançamento previsto para 2026

O software está em desenvolvimento há pouco mais de um ano e, segundo Roberto, deve ser lançado ao mercado nas primeiras semanas de 2026. Mas o projeto vai além dessa primeira versão. Já está em estudo, por exemplo, um sistema para estimativa biométrica dos peixes sem a necessidade de retirá-los da água, utilizando sensores e câmeras subaquáticas — um avanço que pode revolucionar o acompanhamento técnico de lotes.

“Nosso empreendimento na piscicultura não é apenas dois tanques escavados. É um centro de desenvolvimento que, além de criar peixes em escala comercial, busca gerar soluções tecnológicas que melhorem a competitividade do setor”, afirma o produtor. (Assessoria de Imprensa Cocari)

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