Semana da Produção e Sanidade Animal debate desafios da piscicultura
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Na manhã desta quarta-feira (24/09), a programação da 2ª Semana da Produção e Sanidade Animal das Cooperativas do Paraná, promovida pelo Sistema Ocepar, teve foco na piscicultura. O evento, realizado por videoconferência, reúne profissionais, estudantes e especialistas em atuação em diferentes setores da agropecuária, como bovinocultura e suinocultura. A mediação é do analista de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, o médico veterinário Alexandre Amorim Monteiro.
O Brasil é o quarto maior produtor de tilápias do mundo. Em 2024, foram produzidas 968.745 toneladas de peixes de cultivo no país, sendo 662.230 toneladas de tilápia, segundo relatório da PeixeBR. Já a piscicultura paranaense, líder nacional, gerou um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 2,29 bilhões em 2024, 10,4% a mais do que no ano anterior, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
A primeira palestra foi do professor da Unioeste Aldi Feiden, doutor em Ciências, que, além de apresentar números da piscicultura brasileira e paranaense, fez uma retomada histórica da cadeia, mostrando seu avanço e desenvolvimento, e os principais desafios a serem enfrentados. “Para fazer crescer uma cadeia produtiva, é preciso incorporar novas tecnologias e investir em formação profissional”, destacou.
A apresentação abordou dados desde meados das décadas de 1970 e 1980, quando a produção era estritamente familiar, com carpas e espécies regionais. Nas décadas seguintes, os municípios começam a investir no setor, também avança a legislação sobre o uso da água, licenciamento ambiental, e as cooperativas entram na atividade. Já nos anos 2010, surgem algumas políticas de crédito oficiais, há mais automação de processos, e a produção de tilápia se consolida, com polos de produção.
Desafios
Entre os desafios gerais para a cadeia, o professor listou a elaboração de políticas públicas locais e regionais, com orientação para os licenciamentos ambientais; criar planos de desenvolvimento; automação de produtos e processos; orientar investimentos para novas plantas industriais; e ampliar linhas de crédito de longo prazo. “As cooperativas de crédito têm um papel fundamental nisso, para ampliar a industrialização do pescado”, avaliou.
A formação de mão-de-obra também foi citada como ponto central para o desenvolvimento da piscicultura. Feiden defendeu que as empresas invistam em estratégias para atrair profissionais para essa área. “Os jovens precisam ser motivados já no ensino médio, e temos que investir em bolsas e parcerias, além de ter um plano de carreira nas empresas”, disse.
Território
Na sequência, o geógrafo da Embrapa Territorial André Rodrigo Farias, apresentou o mapeamento da piscicultura brasileira realizado pela instituição com outros parceiros. Segundo ele, a Embrapa Territorial, com expertise em geotecnologia e sensoriamento remoto, se dispôs a fazer esse levantamento por observar o forte crescimento da aquicultura e a alta representatividade do setor em vários municípios. “O objetivo é gerar subsídio técnico para o processo de tomada de decisão, tanto em produção quanto em sanidade”, explicou.
Uma das principais demandas era a consolidação das estatísticas oficiais sobre a aquicultura, além do mapeamento de viveiros escavados. Isso pode orientar políticas públicas, contribuindo para o desenvolvimento da cadeia produtiva. “As informações estavam dispersas, o que dificultava um olhar para o setor. Além de embasar políticas públicas, também buscamos desenvolver análises para entender os movimentos que acontecem nessa atividade”, disse.
O mapeamento gerou um espaço com dados sobre a aquicultura brasileira, o Geoweb Site Aquicultura, com centenas de dados e informações de cinco dimensões que impactam toda atividade no meio rural: os quadros natural, agrário, agrícola, de infraestrutura e socioeconômico. A ferramenta reúne ainda informações sobre diversas estruturas da cadeia produtiva, como fábricas de ração e de gelo, unidades de beneficiamento e instituições que trabalham com o tema. No Paraná, os dados mostram a larga expansão da atividade, concentrada principalmente na região Oeste.
Mais recentemente, a Embrapa Territorial conseguiu atualizar os dados do mapeamento no estado a partir de uma parceria com o Sistema Faep, com um estudo sobre disponibilidade hídrica em bacias hidrográficas.
Evento
A abertura da 2ª Semana aconteceu na terça-feira (23/09) e a programação encerra-se na quinta-feira (25/09). Na tarde desta quarta-feira, será a vez do Painel Bovinocultura, com Rafael Gonçalves Dias, da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que apresenta os desafios enfrentados na sanidade de bovinos, com enfoque em brucelose. Já Altair Valloto e Juliana Moraes de Paula, da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH) irão abordar a questão da saúde do rebanho leiteiro no estado.
O evento encerra no dia 25, com o Painel Avicultura, que contará com palestrantes dos Estados Unidos e tradução simultânea. O presidente da USA Poultry and Egg Export Council (USAPEEC), Greg Tyler, irá falar sobre a competitividade avícola nos EUA, as estratégias de mercado e exportação frente aos desafios sanitários. Já John Clifford, também da USAPEEC, vai tratar sobre a influenza aviária nos EUA, as estratégias de campo para controle, prevenção e superação da doença.