Aftosa leva Brasil a restringir a compra de carne argentina
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A descoberta de um foco de febre aftosa no município de San Luis del Palmar, ao Norte da província de Corrientes, na Argentina, levou o Brasil a suspender a passagem de animais vivos e carnes com osso na fronteira entre Brasil e Corrientes. Hoje, técnicos definirão a necessidade de ampliar o embargo ao restante do país. O município infectado localiza-se a 25 km do Paraguai e a 276 km de Itaqui (RS). O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, após telefonema do presidente do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Alimentar (Senasa), Jorge Nestor Amaya. O dirigente argentino lamentou o caso e afirmou que essa notícia "representa uma desgraça para o país". Até a noite de ontem, Uruguai e Chile também haviam embargado a carne argentina. Segundo o Ministério da Agricultura (Mapa), todas as superintendências estão em alerta. Para garantir a sanidade do rebanho, técnicos e veterinários estão sendo enviados para portos e aeroportos para intensificar a fiscalização. "A tendência do Brasil é adotar o mesmo critério que a Argentina adotou em relação ao Mato Grosso do Sul", adiantou o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel.
Vantagem pontual - O Senasa informou que a doença foi diagnosticada em 70 bovinos Braford, entre 18 e 24 meses, da fazenda San Juan, que possui um plantel de 3 mil cabeças. Os animais doentes serão sacrificados e os demais, submetidos a quarentena. Conforme estabelece o Plano de Controle à Aftosa, as autoridades já montaram um cordão de isolamento num raio de 20 km da propriedade infectada e adotaram medidas de segurança com os países vizinhos. A Argentina havia recuperado o status de livre de aftosa com vacinação em janeiro de 2005. A notícia também colocou em alerta pecuaristas e indústrias no Brasil. O diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Camardelli, diz que o episódio abala a imagem do Mercosul perante os importadores. "Ninguém ganha com isso. O Brasil pode até tirar alguma vantagem pontual, conquistando espaço perdido pela Argentina, mas isso não compensaria o abalo em nossa credibilidade lá fora. É preciso que os países unam esforços para eliminar essa zona cinzenta das fronteiras", salienta. (Correio do Povo)