AGRONEGÓCIO: Exportação deve ter 1ª queda em dez anos

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As exportações do agronegócio brasileiro podem registrar em 2009, em dólares, sua primeira queda em dez anos, reforça projeção do Ministério da Agricultura apresentada nesta segunda-feira (2/02). O recuo, se efetivado, terá relação direta com a baixa dos preços das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil. Apesar da recuperação de janeiro, as cotações ainda estão abaixo do nível médio de 2008, quando bateram recordes de altas.

Tendência - Com a queda prevista de 11%, os embarques do agronegócio cairiam de US$ 71,8 bilhões para US$ 63,4 bilhões. Em reais, em contrapartida, a tendência, com a desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar, é de aumento da receita. A estimativa é de que as exportações cheguem a R$ 145,9 bilhões neste ano, acima dos R$ 131,7 bilhões de 2008.

Projeção otimista - Embora soe o oposto, a projeção é, na verdade, otimista para o atual momento de crise, segundo Célio Porto, secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, que apresentou as projeções na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Mesmo em recessão, o mundo não reduz o consumo de alimentos. A crise deve afetar mais outros setores, como o de bens duráveis (...) Historicamente, a agricultura sempre responde bem com o câmbios desvalorizado".

Variações - No geral, os volumes das exportações de cada setor não deverão ter grandes variações neste ano em relação 2008. Uma das exceções pode ficar por conta do segmento de carne bovina, um dos que mais preocupam o ministério, afirma Porto. Também é preocupante a ainda reduzida oferta de linhas de Antecipação de Contratos de Câmbio (ACCs), voltadas aos exportadores, segundo o secretário. "Em janeiro, o volume está muito abaixo que o registrado em qualquer mês do ano passado, mesmo para igual período", disse, em referência ao total das ACCs ofertadas no mercado, e não apenas ao agronegócio. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, presente à apresentação na Fiesp, também acredita que a projeção feita para o recuo das exportações em dólares é "relativamente otimista, se considerarmos a crise".

Fundamentos persistem - "Os fundamentos para (a sustentação dos) preços persistem. Os estoques mundiais estão baixos, a demanda está mantida e há uma queda de produção por conta dos problemas climáticos", disse Rodrigues. "O que não está nessa análise é que um dos efeitos da recessão é a volta de 'mecanismos do neo-protecionismo'. Eles vão contra a globalização, contra os acordos comerciais", afirmou ele. (Valor Econômico)

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