AGRONEGÓCIO: Exportações atingirão US$ 60 bi em 2012

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As exportações brasileiras do agronegócio devem atingir US$ 60 bilhões em 2012 apenas com o crescimento da demanda mundial. A estimativa é do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) e não considera possíveis avanços na rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC) quanto à redução dos subsídios agrícolas e tarifas de importação. No ano passado, o agronegócio brasileiro exportou R$ 49,4 bilhões. Ao lançar ontem o Programa de Apoio aos Processos de Abertura e Integração ao Comércio Internacional, uma iniciativa conjunta do Icone e de entidades privadas da Argentina, Uruguai e Paraguai para tentar harmonizar as demandas do Mercosul nas negociações agrícolas, Marcos Jank, presidente do instituto, traçou um cenário bastante positivo para o agronegócio nos próximos anos. 

Capacidade - Na avaliação de Jank, a combinação de área agricultável e água disponível faz do Brasil um dos poucos países com capacidade de atender ao aumento da demanda por alimentos e bioenergia neste século. Enquanto Índia e China teriam chegado ao limite de área disponível para agricultura, o Brasil dispõe, segundo o Icone, de quase 350 milhões de hectares em pastagens ou áreas não ocupadas. Além disso, a tecnologia tem permitido rendimentos cada vez maiores em uma mesma área. ''O crescimento da população urbana em países da Ásia e da África, trazendo junto mudanças nos hábitos de consumo e crescimento da renda, vai demandar mais carnes, açúcar, leite e derivados, áreas em que o Brasil tem tudo para crescer'', diz.   Se a China elevasse o consumo de carne bovina em 1 quilo per capita e comprasse do Brasil todo esse volume extra, as exportações brasileiras cresceriam 63%, calcula. Na estimativa do Icone, as exportações brasileiras de produtos agrícolas para países em desenvolvimento devem crescer 26% ao ano até 2012, enquanto que para os países desenvolvidos deve crescer 13%.

Sanidade - Na avaliação do especialista, esse possível crescimento nas exportações brasileiras do agronegócio independente de ''surpresas'' cambiais, ainda que momentos de valorização mais intensa possam abalar setores menos competitivos. Ele reforça, porém, a necessidade de o Brasil, assim como os outros países do Mercosul, olhar com mais atenção a questão sanitária, sobretudo as implicações geradas pelo reaparecimento da febre aftosa. ''O governo brasileiro deveria ser mais ágil nessa questão. Enquanto a Austrália gasta US$ 140 milhões em defesa sanitária, sem vizinhos de fronteira, o Brasil gasta muito menos que isso''.

Infra-estrutura - A questão da infra-estrutura é outro desafio para o crescimento das exportações do agronegócio. ''É preciso investir. A agricultura de hoje é resultado do que foi feito no passado, em especial o investimento em pesquisa.'' Jank diz que o protecionismo na agricultura deve continuar superior ao de outros setores da economia e prevê tendência de queda de preços das commodities no longo prazo. Países ricos devem valorizar aspectos de saúde e bem-estar, exigindo rastreabilidade e rotulagem. Já os países em desenvolvimento devem dar menos importância a esses aspectos pela maior necessidade de produtos para atender a demanda interna. Quando as negociações agrícolas na rodada de Doha, Jank não está otimista quando a possíveis avanços neste ano. ''Se não se avançar, a rodada só deve ser retomada em 2009, após as eleições presidenciais americanas'', diz.

Tarifas - Ainda assim, o Icone espera para a atual rodada um corte de 20% a 40% nas tarifas de interesse do Brasil junto aos países desenvolvidos, ampliação das cotas nesses países entre 5% e 10% do consumo doméstico. Em relação ao apoio doméstico dado pelos países desenvolvidos a seus agricultores, considera uma redução de 70% nos subsídios distorcivos e imposição de tetos que reduzem o risco de distorção do mercado quando os preços estiverem baixos. (Agência Estado)

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