AGRONEGÓCIO: Pecuária segura queda maior no PIB do campo
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Após dois anos de resultados positivos - crescimento de 7,89% em 2007 e de 6,95% em 2008- o PIB do Agronegócio terá que melhorar seu desempenho para não fechar 2009 em queda. Dado apresentado nesta quarta-feira (17/06) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), revela que no primeiro trimestre o índice fechou com retração de 0,53% em relação ao mesmo período do ano passado. A variação negativa é resultado de um recuo da agricultura e do modesto avanço da pecuária, explicam os pesquisadores.
Reflexo - Para a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que financia o estudo feito pelo Cepea, o PIB é reflexo da crise mundial que atingiu vários setores da economia e segue trajetória de retração iniciada em outubro do ano passado, o que resultou em uma queda acumulada de 2,26% em seis meses. Em março, a variação do PIB ficou negativa pelo sexto mês consecutivo e fechou em -0,13%. "Se o PIB continuar neste ritmo, não deverá crescer este ano", alertou a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu.
Insumos - O segmento de insumos segue revertendo a forte expansão do ano passado e acumula queda de 1,16%. As atividades dentro da porteira do agronegócio completam o primeiro trimestre de 2009 com retração de 0,77%, pressionadas pela retração de 1,9% do segmento primário da agricultura, já que o da pecuária acumulou crescimento de 0,77% no período. A agroindústria quase não sai do lugar, com queda de 0,18% no período. Em suma, na agricultura a queda vai se agravando e leva também à retração do setor de insumos e da agroindústria. Na pecuária, não se observa retração, justificada ao crescimento dos preços de bovinos e aves.
Taxa - Na avaliação da dirigente, para que o setor tenha, em 2009, comportamento semelhante ao de 2008, quando a expansão foi de 6,97% e o PIB totalizou R$ 764,6 bilhões (26,46% do PIB Brasil), o agronegócio precisaria crescer a uma taxa mensal de pelo menos 0,80%. "No entanto, isso é improvável, em um cenário de contração de crédito. Os segmentos mais afetados são os que normalmente demandam mais recursos", afirmou Kátia Abreu. "Ao fim, quando a crise amenizar, o cenário do agronegócio poderá não mostrar grandes mudanças", avalia o professor Geraldo Sant'Ana, coordenador do Cepea e responsável pelo PIB do Agronegócio Cepea-USP/CNA, apostando na estabilidade.
Balança Comercial - A balança comercial do agronegócio obteve saldo positivo de US$ 19,737 bilhões de janeiro a maio deste ano, queda de 12,49% em relação ao mesmo período de 2008. As exportações totalizaram US$ 24,103 bilhões no acumulado do ano, enquanto as importações somaram US$ 4,366 bilhões. Apesar do decréscimo, justificado pela redução do preço médio dos produtos embarcados para o exterior, houve aumento da participação do agronegócio brasileiro nas vendas externas totais nos cinco primeiros meses de 2009 na comparação com 2008, de 37,8% para 43,4%. (Gazeta do Povo)