AGRONEGÓCIO: Sistema russo de cotas para as carnes volta a preterir o Brasil

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A Rússia volta a privilegiar Estados Unidos e União Européia e novamente discrimina o Brasil na concessão de cotas para carnes em 2009. Dentro das cotas, os produtos entram no mercado russo pagando tarifas menores.  O Valor teve acesso a lista que Moscou já submeteu à Organização Mundial do Comércio (OMC) com as cotas especificas por país para carnes bovina, de frango e suína para o ano que vem, na qual o Brasil mais uma vez sequer aparece, relegado à categoria "outros".  Do volume total da cota de carne de frango, a Rússia reserva 74% para os EUA e 19,5% para a UE. Para outros países, a fatia é de 5%. No caso da carne de porco, de especial interesse do país, a UE pega 60% da cota e os exportadores de outros países, como Brasil, China e Canadá, disputarão uma fatia de 39%. Na carne bovina congelada, a UE morde 79% da cota, e para a carne bovina fresca ou conservada quase tudo também é dos europeus.

Questionamento - "Essa estrutura de cotas espelha o comércio de mais de uma década atrás", reclama Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs, entidade que reúne exportadores de carne suína. "É inaceitável a Rússia cristalizar sua entrada na OMC de olho no passado. Precisamos de uma estrutura de cotas que espelhe os últimos anos", afirma.  No caso da carne suína, o Brasil, pela sua competitividade, venderá em 2008 mais de 250 mil toneladas dentro da cota definida para o ano (que prevê tarifa de 15%), em razão da realocação de volumes não usados por outros países. Mas o temor é que Moscou enrijeça a entrada pela cota quando a Rússia se tornar país-membro da OMC. Como ainda não é, em 2009 o país não tem obrigações e nem pode ser contestado juridicamente. Como sua entrada na OMC foi retardada, os acordos bilaterais que fez envolvendo condições de acesso terão de ser renovados em 2009. 

Negativa - O Brasil já advertiu que não aceita o sistema de cotas específicas por pais. Em primeiro lugar, porque ele não reflete o fluxo comercial dos últimos tempos. E em segundo, porque a experiência mostra que americanos e europeus embolsam a grande fatia. Os brasileiros preferem a cota global, na base do primeiro que chega é o primeiro que se serve.  No acordo pelo qual o Brasil deu seu apoio à entrada da Rússia na OMC, uma das cláusulas estabelecia que, apesar de o país estar na categoria "outros", seu fluxo de vendas de carnes deveria ser mantido e expandido. Só que isso não ocorreu e houve queda em relação ao total importado pelos russos.  Produtores brasileiros já pediram ao presidente Lula para que ele defenda o estabelecimento de cotas globais nas conversas que terá com o presidente Dmitri Medvedev, que visitará Brasília na semana que vem. Nesta sexta-feira, o ministro russo da Agricultura já estará em São Paulo.  Moscou sinalizou que reduzirá a cota de frango destinada aos EUA, que passaria de 931 mil toneladas para 700 mil. A cota de carne suína também deve diminuir. Mas, nas duas situações, elas não deverão ser realocadas.  (Valor Econômico) 

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