AGROPECUÁRIA: Paraná adere a programa de abate humanitário de animais
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Médicos veterinários da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) estão sendo capacitados para assegurar o respeito, no Estado, às normas do abate humanitário de bovinos, suínos e aves. A fiscalização do abate segundo essas normas será incorporada a partir deste ano à rotina do Serviço de Inspeção do Paraná (SIP) do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis). A previsão é que até o primeiro quadrimestre de 2012 todos os frigoríficos paranaenses já tenham aderido ao abate humanitário de animais de produção.
Curso - Esta semana, veterinários da Seab estão fazendo um curso de três dias, ministrado por dirigentes da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) - uma organização não-governamental que firmou parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O curso começou em Curitiba na terça-feira (14/06) e será encerrado nesta quinta-feira (16/06). Além da capacitação, o curso visa a conscientização das estruturas de governo e dos frigoríficos para a importância do tema.
Multiplicadores - Participam cerca de 48 profissionais, entre dirigentes e fiscais do serviço de inspeção estadual e federal. Ao longo do ano serão ministrados mais 50 cursos em todo o Estado. Eles serão levados a todas as regiões com concentração de frigoríficos e dirigidos aos funcionários desses estabelecimentos. Os participantes dos cursos regionais deverão ser multiplicadores das boas práticas de abate de animais para outros funcionários.
Orientações - As orientações são passadas por meio de vídeos e manuais. Segundo a médica veterinária Charli Ludtke, coordenadora do Programa Nacional de Abate Humanitário e gerente de animais de produção da WSPA, o objetivo do material é conscientizar sobre a melhor forma de manejo e cuidados que se deve ter com os animais antes do abate.
Comprometimento - "O que queremos é comprometer as pessoas envolvidas com o manejo dos animais em ambiente calmo e tranquilo, melhorando também as condições de trabalho das pessoas que trabalham no abate", disse Charli. Ele ressalta que toda a atividade precisa ser planejada e organizada, o que é bom também para a produtividade. "Animais mais calmos têm menor risco de lesões e, assim, de causar perdas econômicas significativas para os produtores e agroindústrias", acrescentou. Segundo Charli, a interação do homem com os animais e a condução dos animais nas instalações tem de ser harmoniosa. E isso deve iniciar na propriedade, durante a criação, e persistit até o transporte e frigorífico.
Princípios - Entre os princípios básicos que devem ser observados estão os métodos de manejo e instalações que diminuem o estresse e o sofrimento dos animais; emprego de pessoal competente, bem treinado, atento e cuidadoso; equipamento apropriado que seja ajustado ao propósito; insensibilização eficaz durante o abate, induzindo os animais à imediata perda da consciência e insensibilidade à dor; e garantia de que o animal não retorne àa consciência até ocorrer a morte.
Existente - Para o chefe do Serviço de Inspeção do Paraná (SIP), Horácio Slongo, o abate humanitário já existe no Paraná, com o banimento em muitos frigoríficos de técnicas arcaicas como a marretada ou excesso de choque nos animais. "O papel do médico veterinário é cuidar para que os animais sofram o menos possível no momento do abate", disse.
Consequências econômicas - A coordenadora da WSPA ressalta que o abate humanitário também tem consequências econômicas, já que o animal que sofre menos estresse na hora do abate gera carne de melhor qualidade. "Um bovino estressado no momento do abate pode produzir uma carne mais escura e endurecida", afirma. No caso de suínos, a carne pode ficar mais pálida, mole e liberar muita água.
Instrução Normativa - A implantação do programa de capacitação sobre o abate humanitário atende à Instrução Normativa 3 do Ministério da Agricultura e Abastecimento, de 2008, que determina as boas práticas em todo o País. Em função da parceria entre o ministério e a WSPA, a capacitação da fiscalização está sendo levada aos estados e municípios brasileiros para que o serviço seja adotado e os treinamentos virem rotina nos frigoríficos. (AEN)