ALEP: Sistema Ocepar sedia audiência pública sobre conectividade no campo

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Na manhã desta terça-feira (29/08), aconteceu no auditório do Sistema Ocepar, em Curitiba, uma audiência pública sobre conectividade no campo: cenário atual e as necessidades da agropecuária paranaense, promovida pela Assembleia Legislativa do Paraná, através de proposição do presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, deputado estadual Fabio Oliveira.

Presenças – Além do parlamentar, estiveram presentes na audiência, o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, os secretários, Norberto Ortigara da Agricultura e do Abastecimento e Marcelo Rangel, da Inovação, Modernização e Transformação Digital, Nilson Hanke de Camargo, representante da Faep, Marcos Brambilla, presidente da Fetaep e Nelson Costa, superintendente da Ocepar, Natalino Avance de Souza, presidente do IDRPR e Otamir Martins, presidente da Adapar, profissionais da área e técnicos.

Dados - De acordo com o Ministério da Agricultura, somente 27% das propriedades rurais já estão conectadas. Dados do IBGE (de 2021) mostram que 72% das propriedades rurais do país, ou seja, 3,6 milhões ainda estão off-line, ou seja, sem qualquer conexão com a internet. “Temos ouvido o setor produtivo do Paraná e obviamente, o nosso estado, sendo um dos celeiros do país na questão da produção agrícola, entendemos que quando vemos o potencial dos equipamentos que estão no campo têm hoje e o que eles não estão fazendo é algo que precisamos resolver e isso se chama conectividade no campo”, declarou Fabio Oliveira.

Deserto do Atacama- Segundo o deputado Fábio Oliveira, recentemente foi conhecer com a família o deserto do Atacama, no Chile. “Para minha surpresa, estava há mais de 20 km de distância de uma casa e lá, no meio do deserto tínhamos conexão 3G. Aqui, tem locais, dentro de pequenos municípios que ainda temos dificuldade de conexão”, frisou. O parlamentar completa que hoje, “o produtor já está pagando por um equipamento que não utiliza na sua totalidade, justamente por falta de conectividade. Queremos saber do setor produtivo que tipo de leis que precisamos pensar aqui na Assembleia Legislativa para que o agricultor possa ter o uso efetivo do equipamento que ele já investiu. Isso representará redução de custos e aumento de produtividade e toda população se beneficia”, concluiu Oliveira na abertura da audiência pública.

Cooperativas– Na sequência, falou José Roberto Ricken, pelas cooperativas paranaenses. O dirigente lembrou que inovação e conectividade fazem parte de um dos 20 projetos do Planejamento Estratégico do Cooperativismo Paranaense, o Plano Paraná Cooperativo - PRC200. “Em pleno século 21 é inadmissível não termos ainda no campo, qualidade de comunicação que existiu no passado. Hoje, temos maquinários com tecnologia embarcada de primeiro mundo e vivemos uma escuridão em termos de conectividade no campo.Com essa audiência pública aqui hoje, precisamos discutir políticas públicas que possam contribuir para que o produtor rural tenha mais conectividade no campo e usufrua de todos os benefícios que as empresas entregam junto com os equipamentos e assim diminuir custo de produção e melhorar a produtividade”, destacou.

Soluções - Ricken ressaltou que o cooperativismo é responsável hoje por quase 65% de tudo que se produz no Paraná. “Por isso, esse é um assunto que nos interessa e que precisamos debater e achar soluções em conjunto, com o governo, assembleia e entidades do setor produtivo paranaense. Nossas cooperativas têm créditos de ICMS acumulados, e poderiam utilizá-los para investimentos no setor da conectividade”, lembrou.

Agricultura – Norberto Ortigara, frisou que “existe um grande buraco de conectividade no Paraná. No meu sítio, na Lapa preciso subir num poço para conseguir sinal. Temos sim aqui um grande Atacama de falta de conectividade como mencionou o deputado Fábio Oliveira. “Não adianta os grandes fabricantes nos vender máquinas com tecnologias avançada se não servirão para nada no campo. Estamos pagando a mais por algo obsoleto no momento”, disse. Segundo Ortigara, recursos existem no Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), do governo Federal. “Como traduzir isso em investimentos? Por isso decidimos aqui no governo investir no momento em transmissão via rádio ou fibra ótica para, minimamente, adotar algumas comunidades com tecnologia. Existe conhecimento e tecnologia e precisamos avançar em conectividade, não podemos mais adiar. Não é jogo de palavra, são compromissos que todas as entidades aqui estão se comprometendo. Precisamos provocar um surto de investimentos que elevem a conectividade no campo e nas cidades do Paraná”, destacou.

Insumo básico- “Para o desenvolvimento do agronegócio, conectividade hoje é igual outros insumos tão importantes para a produtividade que são a água, solo, chuva, energia, entre outros”, disse Marcelo Rangel. Segundo o secretário, essa audiência é de suma importância para podermos ouvir as entidades e a sociedade sobre este grave problema. Precisa ser implantado imediatamente. A inovação está em todos os setores. Telemedicina, infraestrutura, educação. Mas onde mais evoluiu foi no setor do agronegócio. O agricultor pode não entender de tecnologia, mas entende de clima, de coo produzir melhor e precisa estar conectado com os mercados”.

Produtividade- Rangel lembrou que em algumas propriedades que possuem fácil acesso a conectividade, a produtividade pode aumentar em até 40%. Para ele, esta questão de falta de conexão também é problema de países do primeiro mundo. “Nos Estados Unidos existem setores no campo que não tem conectividade, independente a isso, temos que avançar aqui. Hoje vamos em feiras como a Agroleite, Show Rural para ver as novidades tecnológicas, o que as colheitadeiras e demais equipamentos trazem de produtividade no campo. Para utilizar esses benefícios precisamos de comunicação no campo com acesso a internet de qualidade.

Desafios – Na sequência, Nelson Costa, superintendente da Fecoopar e Nilson Hanke de Camargo, da Faep realizaram uma apresentação como o cooperativismo e o setor sindical agropecuário veem essa questão do tema sobre conectividade no campo. “Desde 2017 é que a Faep, em conjunto com a Ocepar, discute este assunto e que precisa de uma solução imediata”, frisou Hanke que apresentou um case implementado no Socavão, distrito de Castro (PR). Marcos Brambilla, da Fetaep também falou a respeito dos impactos que o tema tem sobre os pequenos produtores rurais do Paraná.

Arrecadação - “Hoje existem legislações que exigem a nota fiscal eletrônica. Como é que o pequeno pode atender a legislação e poder vender seu produto sem conectividade? Sabemos como isso é importante, inclusive que geraria mais arrecadação para o próprio estado. E hoje, convocados pelo deputado Fábio Oliveira, estamos novamente discutindo um assunto que já poderia ter sido resolvido. Esperamos que a partir desta data possamos ver melhores condições na área rural”, frisou o dirigente.

Por sugestão do deputado estadual Fábio Oliveira, foi criado um grupo de trabalho com a participação da Alep, Sistema Ocepar, Faep, Fetaep e Secretaria da Agricultura. O grupo vai discutir e apresentar uma proposta ao governo do Estado do Paraná de implementação de um programa de conectividade no campo.

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