ALGODÃO II: Brasil pode perder vantagens atuais no ranking da produção de algodão
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De acordo com os resultados desse estudo, conduzido pelos pesquisadores Kym Anderson, Ernesto Valenzuela e Lee Ann Jackson, do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio (OMC), é possível antever que os países que passaram a adotar o plantio de algodão transgênico depois de 2001 deverão impactar de forma significativa o mercado mundial de algodão até 2009. Esse impacto trazido pelo ingresso de variedades transgênicas no ranking dos países produtores de algodão poderá crescer ainda mais, dependendo das remoções de subsídios e tarifas no comércio mundial da fibra que possam advir das próximas rodadas de negociação entre os países da OMC.
Algodão transgênico - A avaliação usou como base os quatro países que lideravam a produção de algodão transgênico em 2001: Estados Unidos, China, Austrália e África do Sul, um bloco que atingiu uma produção de 8,94 milhões de hectares na safra 2004-2005, quando os países que viriam a seguir nesse ranking - Índia, México e Brasil - ainda não dispunham de liberação para o plantio comercial de algodão transgênico. Desses países, apesar de o Brasil prever uma produção de 1,2 milhão de toneladas para a safra 2005-2006, é a Índia que parece caminhar mais rapidamente para a disputa das primeiras posições no ranking. A previsão é de que, já na safra 2006/2007, esse país alcance uma produção de 4,7 milhões de toneladas de algodão e tenha à frente apenas a China, com uma produção de 6 milhões de t/ano.
Variedades - Atualmente, existem três variedades de algodão transgênico em uso nos países produtores de algodão: resistente a herbicidas, resistente a insetos (algodão Bt) e ainda com as duas características em conjunto (algodão resistente a insetos e a herbicidas). Estados Unidos e Austrália podem utilizar todas essas variedades. Brasil e Índia só utilizam um tipo de algodão transgênico resistente a certos insetos e aguardam ansiosamente pela liberação comercial do algodão transgênico resistente a herbicidas e a outras famílias de insetos.
Perdas - "Se a burocracia brasileira continuar a emperrar o avanço da tecnologia para o algodão, perderemos nossas vantagens competitivas", opinou Montecelli. Para ele, o estudo do Banco Mundial/OMC é mais um alerta para as autoridades brasileiras."Os novos transgênicos prontos para uso comercial no Brasil continuam na fila de aprovação da CTNBio e enquanto isso vamos perdendo terreno. É bom lembrar que na agricultura existem os períodos certos para plantio. Uma variedade aprovada hoje só poderá ser prevista para plantio na próxima safra. E ainda assim vamos precisar de sementes suficientes", alertou o representante dos cotonicultores do Paraná. (Assessoria Acopar)