CADEIA DO LEITE: Um futuro com produto em excesso
- Artigos em destaque na home: Nenhum
O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, também professor da FEA/UFJF, realizou estudo que prevê um “excedente de 5,6 bilhões de litros para 2.025”. Ele inicia seu artigo “O futuro é leite em excesso”, publicado em 16 de janeiro de 2007 no portal MilkPoint, afirmando que “o ano começa com um cenário muito promissor. Os preços recebidos pelos produtores estão estáveis neste pico de safra, o mercado internacional está aquecido e a inflação interna é baixa. Portanto, o ambiente é favorável ao leite. É aí que mora o perigo!”.
Favorável por enquanto – Segundo o pesquisador, nada indica que os preços do leite vão cair nos próximos meses por causa das condições econômicas favoráveis: inflação baixa e poder aquisitivo estável. Tanto que novas plantas industriais estão sendo implantadas, aproveitando o lado favorável do comportamento do setor, depois de ter passado por uma crise no segundo semestre de 2005. Lembra que na primeira metade dos anos 90 o setor saiu de uma economia fechada (com restrições a importação) e com tabelamento de preços, enfrentando a economia aberta e sem tabelamento. “A competente reação do setor se deu com a introdução dos conceitos de logística, o que permite que hoje possamos falar efetivamente em cadeia produtiva do leite”, afirma.
Razões para preocupação – Estudando o setor leiteiro desde a primeira metade dos anos 80, Paulo do Carmo Martins afirma que “a crise do segundo semestre de 2005 não foi conjuntural, como muitos imaginam. Portanto, não é possível esquecê-la, imaginando que tudo está voltando ao normal. Tenho quatro motivos para considerar que estamos vivendo uma crise estrutural: a) acabou o espaço para substituição de importação no setor lácteo; b) a população cresce menos e está ficando velha; c) o Brasil não terá crescimento elevado de renda per capita nos próximos anos; e, d) o brasileiro não gosta de leite”.
Descompasso – O descompasso no crescimento entre o PIB e a produção de leite é uma das razões apontadas por Martins para uma oferta futura muito acima da demanda. O gráfico montado com base nos seus estudos mostra que esse desequilíbrio começa em 1995, quando o setor alcançou a auto-suficiência, e se distancia bastante a partir de 1998. Com a auto-suficiência, foi iniciada a substituição das importações, que em está chegando ao seu limite. Portanto, “a partir de agora, o cenário é excedente de leite, ou seja, a produção deverá superar o consumo”, conclui o pesquisador. (Ver gráfico). Martins explica, em seu artigo, um a um os seus argumentos relacionados com o fim das substituições, com o crescimento da população velha, com o baixo crescimento da renda per capita e da constatação de que “o brasileiro não gosta de leite”. (Fonte: www.milkpoint.com.br).
