CÂMBIO AMEAÇA AGRICULTURA: Queda do dólar afeta viabilidade do agronegócio, revela estudo da Ocepar

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O agronegócio brasileiro corre o risco de perder sua competitividade. Estudo inédito da Gerência Técnica e Econômica (Getec) do Sistema Ocepar demonstra que a queda do dólar pode trazer reflexos ainda mais negativos para o setor. Um único fator está sustentando a frágil rentabilidade dos produtores: os preços das commodities, que estão acima da média histórica. A demanda crescente por milho e soja pressionou os preços no mercado mundial. No caso da soja, o valor da tonelada está sendo negociado em média a US$ 270 (FOB Paranaguá), uma alta de 18,5% em relação à média histórica de US$ 227 e de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Com a desvalorização do dólar, que segue em trajetória de baixa, as perspectivas para o agronegócio são ameaçadoras. “Em breve, o refluxo do mercado, com o provável aumento da oferta mundial, fará os preços das commodities voltarem aos patamares históricos. Quando isso acontecer, os produtores perderão por completo a sua rentabilidade”, explica o gerente técnico e econômico do Sistema Ocepar, Flavio Turra.

Mercado internacional - O Estudo da Ocepar mostra que a queda do dólar está provocando uma acentuada perda de competitividade e rentabilidade do agronegócio brasileiro, principalmente nos produtos com maior presença no mercado internacional. É o caso do complexo soja, com cerca de 70% negociado em contratos de exportação. O trabalho da Getec revela que uma desvalorização cambial de 10% reduz os custos de produção da soja em 5,3%. Em contrapartida, provoca uma queda de 9,1% nos preços. “Considerando o valor da soja em patamares históricos, a taxa de câmbio de equilíbrio necessária seria de R$ 2,21, o que amenizaria as perdas para os produtores”, afirma Turra. O estudo mostra o impacto do câmbio nos preços da soja, milho e trigo. Uma variação de 1% na taxa de câmbio causa variação de 0,91% no preço da soja, de 0,78% no preço do milho e de 0,87% no trigo. O feijão é a única cultura estudada que não sofre influência da variação cambial, já que sua produção está voltada exclusivamente para o mercado interno.

Medidas urgentes para evitar colapso - O Governo Federal já anunciou que estuda um pacote de medidas para amenizar os impactos negativos do câmbio sobre os setores exportadores. Nada indica mudanças na condução da política econômica, o que exige uma redução dos custos de produção para manter o equilíbrio e a rentabilidade do agronegócio. “As cooperativas paranaenses exportaram US$ 850 milhões em 2006. Todo o intenso trabalho de conquistas de novos mercados e de investimentos em melhoria e adequação produtiva está ameaçado. Aliás, alguns mercados conquistados com duras penas já estão sendo perdidos, como é o caso do queijo que a Frimesa exportava para Japão e Coréia do Sul. É preciso agir imediatamente para impedir prejuízos a um setor fundamental para a economia paranaense e brasileira”, alerta o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski. “Propomos um conjunto de medidas visando a manutenção da competitividade e renda dos produtores no médio e longo prazo”, explica.

Propostas - Entre as propostas da Ocepar estão a redução da taxa Selic e do juro nos financiamentos de crédito e investimento rural; liberação de agroquímicos agrícolas com registro em um país do Mercosul; ressarcimento de impostos para produtos agrícolas exportáveis; redução da alíquota da CPMF; diminuição dos encargos tributários sobre folha de pagamento e ampliação de investimentos em infra-estrutura. “Também pleiteamos a criação de um instrumento de apoio à comercialização e que garanta uma renda mínima ao produtor. E reiteramos a necessidade de desenvolver um programa de renegociação das dívidas contraídas pelos produtores ao longo de três anos de crise e perdas no campo”, conclui Koslovski. As reivindicações do setor cooperativista e os resultados do estudo sobre o impacto cambial serão apresentados ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na próxima segunda-feira (28/05), durante o Fórum dos Presidentes. O ministro participará do encontro para detalhar aos dirigentes as ações previstas no Programa de Aceleração do Crescimento.


Clique aqui e confira a íntegra do estudo sobre o Impacto da Desvalorização Cambial sobre as Relações de Produção da Agricultura.

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