CARNES: Oferta elevada pressiona mercado de frango

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A oferta excessiva de frango no país num momento em que as exportações do produto ainda derrapam está deprimindo as cotações no mercado interno. Diante dessa pressão, os avicultores já começaram a ajustar a produção nacional, mas o nível ainda é elevado. Em julho, o alojamento de pintos de corte alcançou 500,3 milhões de cabeças, 5,08% mais do que em igual mês do ano passado. Em agosto, a produção foi menor: caiu para 482,7 milhões, 0,34% menos do que no mesmo período de 2008, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco). O secretário-executivo da Apinco, José Carlos Godoy, afirma que o alojamento havia crescido em julho pois o setor tinha expectativa de que houvesse melhora nas exportações, o que não ocorreu. Pelo contrário. "A exportação está péssima", lamenta.

Setembro - Em setembro, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterioor (Secex), as exportações brasileiras de carne de frango somaram US$ 409,9 milhões, queda de 29,1% em comparação com setembro do ano passado. Os volumes exportados também caíram na mesma comparação - 9,6% - para 260,9 mil toneladas. E não há perspectiva de melhora para o resto do ano, avalia Godoy. Uma das razões é que, normalmente, os importadores já programam antecipadamente os volumes e reduzem as compras no fim do ano. Diante de um quadro que mostra a que crise global ainda não acabou e com oferta grande, os preços do frango vivo em São Paulo atingiram a menor média desde abril de 2008, em termos nominais. De acordo com levantamento da Jox Assessoria Agropecuária, em setembro, o preço médio foi de R$ 1,37 o quilo, 8,6% abaixo do mês anterior. Em abril do ano passado, havia atingido R$ 1,32 o quilo.

Expectativa - Oto Xavier, da Jox, afirma que a produção de frango cresceu na expectativa de uma demanda para exportação, que não aconteceu. Em setembro, o número do alojamento de pintos deve ficar na casa dos 470 milhões de cabeças, estima Godoy. As aves alojadas em setembro serão consumidas durante este mês. O pequeno ajuste na produção, porém, ainda não deve ser suficiente para fazer os preços do frango subirem, mas deve impedir que o mercado piore, concordam Xavier e Godoy. "É difícil que os preços subam. Há frango estocado, as exportações não avançam e a oferta interna é grande", observa Xavier, da Jox.

Retomada - Para o secretário-executivo da Apinco, o alojamento deve voltar a crescer este mês, retornando ao nível de 500 milhões. A razão é que a partir deste mês, os avicultores começam a produzir o frango que será consumido nas festas de fim de ano, um período geralmente de maior demanda.

Outras carnes - Outras carnes também enfrentam recuo persistente das exportações em função da desaceleração econômica. Em setembro, a receita com as vendas externas de carne bovina in natura recuou 39,1%, para US$ 276,5 milhões em relação ao mesmo mês de 2008, conforme a Secex. Em volume, a queda foi de 25,4% para 77,4 mil toneladas. O faturamento com a exportação de carne suína caiu 26,8% na mesma comparação, para US$ 105,2 milhões. Em quantidade, houve aumento de 21% nas vendas externas, para 51,7 mil toneladas. (Valor Econômico)

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