CICLO CBN: Rumos da economia são preocupantes, diz jornalista Salete Lemos

Em sua passagem por Maringá nesta terça-feira (20/10), onde fez palestra a 600 convidados no Teatro Marista, a jornalista Salete Lemos, âncora dos telejornais da Rede CNT Brasil, ex-Rede Globo, ganhadora de dois Prêmios Esso, disse que o Brasil é o foco das atenções do mundo por figurar entre as dez maiores economias, ser um potencial consumidor, sua vocação para o agronegócio e também porque será sede de dois grandes eventos esportivos nos próximos anos: a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Nos últimos tempos, conforme afirmou Lemos, até o presidente Barack Obama fez referências ao seu colega brasileiro, o presidente Lula, a quem chamou de "o cara".

Bola da vez - Mas será que a realidade brasileira corresponde a todas essas expectativas? Para a jornalista, não. "Não podemos deixar que a bola da vez seja chutada para escanteio". Embora desponte como a alternativa mais atraente do chamado "Bric" (o bloco emergente formado por Brasil, Rússia, Índia e China), o país não tem um projeto de crescimento, o PIB não conseguirá ir além de 5% porque a máquina pública está inchada, os brasileiros pagam cada vez mais impostos para sustentar a gastança do governo e, em 2010, com a eleição para a presidência da República, Lula pagará a conta do que for preciso para eleger sua sucessora ou sucessor. "Ele não se importará em beijar o Collor ou abraçar o Sarney".

Preocupação - Salete Lemos se diz preocupada com os rumos da economia brasileira e teme que tanto esforço para colocá-la nos eixos poderá ir por água abaixo porque o atual governo não vem fazendo a parte que lhe cabe. Para ela, reformas que vinham sendo discutidas desde o governo Collor, no início dos anos 1990, são "empurradas com a barriga" indefinidamente. Além da reforma tributária, que considerou emergencial, diz que a reforma política é inadiável: "jamais se viu tanto descaramento como agora". Lemos prega que os brasileiros votem com consciência e conversem sobre isso com familiares e amigos para a escolha dos melhores candidatos, na tentativa de mudar a situação.   

Ignorância - Lemos disse também que o Brasil, definitivamente, não está preparado para ser o foco das atenções mundiais. O país ainda vive, segundo ela, na chamada "ditadura da ignorância", "há uma grande farra com as contas públicas", "a indústria respalda seu crescimento à base da redução de IPI", "não tem mão-de-obra capacitada ou qualificada" e "não investe em educação e saúde". Conforme afirmou, "o Brasil não anda, carrega o Estado e toda a sua ineficiência, e tem uma carga tributária enorme para pagar tanta corrupção". E acrescentou: "a crise que devastou os mercados mundiais não foi um problema para o Brasil. O problema brasileiro é a falta de cidadania". Sobre isso, a jornalista explica que os brasileiros são indolentes, não costumam cobrar as autoridades, não fiscalizam os políticos aos quais confiaram o seu voto e sequer acessam a internet para acompanhar os portais da transparência. (Imprensa Cocamar)