CLIMA: Milho e café podem ser afetados pela ocorrência do La Niña
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Uma provável incidência do fenômeno climático La Niña a partir do mês que vem pode provocar perdas na colheita de milho safrinha do Paraná e na de café do ano que vem. Em anos de atuação do La Niña as chuvas são mais escassas e as temperaturas mais baixas. Com isso, pode faltar água para o café na formação da gema floral e ter geada no desenvolvimento da safrinha de milho, quebrando a produção das duas lavouras. Dependendo da duração - que varia entre seis e nove meses -, a safra de verão 2007/08 também pode ser prejudicada.
Cafeicultores - Os produtores de café são os mais apreensivos com uma provável adversidade climática, pois significaria dois anos seguidos de colheita menor. Tradicionalmente a lavoura tem um ano de produção mais elevada e outro de rendimento inferior, na chamada "bianualidade" do café - que provoca redução de 30% a 35% entre uma colheita e outra. No entanto, neste ano, mesmo sendo de bianualidade baixa, a estimativa é que haja quebra de até 20% além da perda tradicional, justamente porque entre abril e agosto de 2006 houve redução nas chuvas nas regiões produtivas, reduzindo o potencial dos cafezais. "Isto significa que teríamos dois anos de safra baixa", diz Lúcio Dias, superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). Segundo ele, isso gera um prejuízo enorme porque o mercado mundial de café está com a oferta muito ajustada e o Brasil perderia mercado se não tiver produto. Na região da cooperativa, a produção será 48% menor que a anterior.
Análise - "O último grande fenômeno ocorreu em 2000, provocando uma seqüência de geadas em julho que afetou toda a safrinha", lembra Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Naquela época, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção da safrinha de milho foi 30,5% inferior à anterior. O analista acrescenta que uma geada em julho ainda é menos prejudicial que a ocorrência em maio - como alguns meteorologistas prevêem. Isto porque em julho a lavoura está praticamente pronta e há condição de salvar alguma coisa, enquanto em maio pega o período de formação da espiga - neste caso, a perda é total. "Se houver uma quebra na safrinha, podemos deixar de exportar o que seria o potencial", diz.
Avaliação - "Ainda é cedo para se antever perdas", avalia Paulo Etchitchury, da Somar Meteorologia. Segundo ele, os efeitos seriam maiores no Sul do Rio Grande do Sul, podendo atingir a safra 2007/08 de arroz. Além disso, se a duração for grande, faltaria chuva para o cultivo dos grãos no Centro-Sul. Por outro lado, o fenômeno seria bom para a colheita da cana e do algodão. A laranja também poderia ser prejudicada, na avaliação da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos - Abecitrus. (Gazeta Mercantil)