COCAMAR I: Giromilho conhece, na Embrapa, o inovador Programa Antecipe
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Que tal semear o milho de inverno ainda antes da colheita da soja, de maneira que a lavoura seja implantada dentro da janela ideal prevista pelo zoneamento agroclimático? Isto, com certeza, é algo que interessa e muito aos produtores que, há anos, investem nessas duas culturas e estão sempre às voltas com atrasos no cultivo do cereal, o que afeta o seu potencial produtivo. Mas como isto seria possível?
Tecnologias - A resposta é dada pelo Giromilho Cocamar 2021, projeto realizado em seu segundo ano pela cooperativa com o apoio da concessionária Zacarias Chevrolet. O objetivo é conhecer práticas e tecnologias voltadas a incrementar a produtividade do milho de segunda safra.
Na Embrapa - No dia 26/7, acompanhando a equipe do programa RIC Rural, o Giromilho visitou a vitrine de tecnologias da Embrapa em Londrina para conhecer um trabalho conduzido pelo especialista José Salvador Foloni, doutor em Produção Vegetal.
Pesquisas - Trata-se do Programa Antecipe, uma prática que começou a ser testada há 13 anos pela Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG). No Paraná, as pesquisas estão sob a coordenação de Foloni e as expectativas são animadoras.
O que é - A prática consiste em, literalmente, antecipar a semeadura do milho nas linhas intercalares da soja, quando esta cultura se encontra no estádio que os técnicos chamam de R6 ou R7, ou seja, em início de maturação.
Precisão - Segundo Foloni, para que isso seja viável, é preciso lançar mão da ferramenta de agricultura de precisão já na semeadura da soja, o que vai possibilitar que o milho, igualmente recorrendo à precisão, seja cultivado nas entrelinhas.
Sem danos - Assim, quando a colheita de soja acontecer, não haverá nenhum dano ao milho pois, conforme explica o especialista, o cereal estará no estádio de V4 a V6 e conseguirá se regenerar do pisoteio da colheitadeira, uma vez que seu ponto de crescimento estará, ainda, abaixo da superfície.
Se recupera - Em experimento na Embrapa em Londrina, o milho foi semeado no dia 13 de março, 18 dias antes da colheita da soja. Foloni diz: “é claro que o milho vai sofrer com o amassamento e a colheita da soja, mas ele se recuperará”. A máquina que faz a semeadura, desenvolvida por uma fabricante nacional de equipamentos, vai transitar pela soja sem danificar a cultura.
Penteando - “É como se a máquina estivesse penteando suavemente a soja”, diz Foloni, salientando que só não pode ser adotada uma variedade de soja que acame. Outra exigência é que os rodados do trator sejam mais estreitos, para maior performance da trafegabilidade, uma vez que o espaçamento ideal entre as linhas da soja varia de 45 a 50cm.
Testemunha - Para servir como testemunha, a Embrapa fez o plantio de outra parcela de milho no dia 31 de março, quando a soja já estava colhida – reproduzindo o que os produtores fazem. A diferença é que a lavoura semeada mais cedo escapou das baixas temperaturas e, da mesma forma, não ficou tão exposta aos veranicos comuns no período de final de ciclo. “Quando a forte geada do final de junho chegou, a primeira lavoura estava em ponto de pamonha, praticamente a salvo, enquanto a segunda estava ainda em ponto de boneca, como dizem os produtores, ou seja, vulnerável aos efeitos do frio”, comenta Foloni.
Produtividade - A diferença entre as duas é grande, conforme registros fotográficos feitos pelo pesquisador. Se na primeira, plantada em 13/3, o produtor ainda consegue ter colheita para, pelo menos, cobrir os seus custos, na segunda, cultivada em 31/3, o estrago é praticamente total. “Na média, a prática de antecipar a semeadura do milho tem resultado em uma diferença de produtividade de 30% sobre as lavouras mais atrasadas”, garante o especialista.
Outros países - A antecipação é uma prática já consolidada em outros países, entre os quais Argentina, Canadá e Austrália, e caminha para ser introduzida na agricultura brasileira.
Prática inovadora - Para que isto aconteça, é preciso avançar ainda no aperfeiçoamento de alguns pontos da plantadeira, mas Foloni ressalta que os produtores brasileiros estão muito próximos de adotar essa prática inovadora, resolvendo os problemas que resultam do atraso da semeadura de segunda safra.
Na Cocamar - O Programa Antecipe já começou a ser testado na Unidade de Difusão de Tecnologias (UDT) da Cocamar em Floresta, assim como em outras cooperativas. (Imprensa Cocamar)