COMÉRCIO EXTERIOR: Retaliação aos EUA taxa mais produtos de luxo

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 Os cosméticos dos Estados Unidos terão alíquota de importação aumentada de 18% para 36% e fazem parte de uma lista de 102 itens que serão objeto de retaliação aos subsídios ilegais americanos aos produtores de algodão do país. Na lista enviada para divulgação hoje, no Diário Oficial, a maioria dos bens visados são de luxo porque o governo quis evitar elevação do custo de importação de máquinas e componentes para a indústria. Será reajustada de 35% a 50% a alíquota de importação de carros americanos.

Rural - A retaliação afetará duramente as exportações de setores rurais americanos e indústrias ligadas a produtores agrícolas. Embora o Brasil importe menos de US$ 45 milhões em vestimentas, tecidos e outros produtos de algodão, essas mercadorias, em medida "simbólica", passarão a ter tarifa de importação de 100%. Serão elevadas as tarifas de leite em pó, soro, frutas e trigo, produto que gerou receitas superiores a US$ 300 milhões aos produtores americanos em 2008, ano de carência do produto no Brasil. Até redes de lanchonetes, como o McDonald's, poderão ser atingidas, já que a lista inclui aumento da taxação sobre preparados e molhos alimentícios, como os usados em seus sanduíches. O Brasil importou US$ 27 milhões dessas mercadorias em 2009.

Tarifas - As tarifas extras cobradas dos produtos americanos incluídos na lista devem representar um custo adicional aos exportadores dos EUA de US$ 560 milhões, calculados com base no comportamento do comércio em 2008. O Brasil reservou outros US$ 270 milhões para represálias em direitos de propriedade intelectual, que terão prazo maior para aplicação. Entre as medidas com defensores no governo estão a "importação paralela" de medicamentos (compra de medicamentos protegidos por patentes dos EUA em países que não pagam esses direitos, como a Índia) e taxação sobre o envio de royalties de produtos audiovisuais, como seriados e filmes. A decisão final dependerá da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e o governo atua com cautela no tema, já que o direito de aplicar esse tipo de retaliação só foi concedido pela OMC em dois casos até hoje. (Valor Econômico)

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