COMÉRCIO INTERNACIONAL: Décadas depois, Vietnã ingressa na OMC
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Depois de décadas isolado do Ocidente e de mais de 12 anos de negociações, o Vietnã comemora hoje a assinatura do acordo para fazer parte da Organização Mundial do Comércio (OMC). A entrada do país comunista como 150º membro da entidade simboliza a virada radical dos últimos anos. O país, apesar de manter seu regime de partido único, vem recebendo quantidade cada vez maior de investimento estrangeiro, apresentando altas taxas de crescimento e incomodando as principais potências com exportações de calçados e têxteis. Não por acaso, a assinatura do acordo em Genebra, entre os ministros do Vietnã e o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, será transmitida ao vivo ao país asiático como sinal de que o governo está conseguindo inserir o país na economia mundial. Na prática, o ingresso do Vietnã na organização exigirá que Hanói reduza suas barreiras para as empresas estrangeiras e o corte de tarifas de importação para 13,4% em média, praticamente as mesmas praticadas pelo Brasil. Em contrapartida, o Vietnã ganhou acesso aos demais mercados mundiais para seus produtos cada vez mais competitivos, como calçados, têxteis, café, borracha e arroz.
Negociações - Vários pontos tiveram de ser negociados cuidadosamente com as autoridades do Vietnã na última década. Hanói aceitou acabar com os subsídios à exportação de produtos têxteis. Mas conseguiu manter cotas de importação para produtos como açúcar, frango, tabaco, sal, aço e automóveis. O país manteve restrições totais à importação de motocicletas americanas da marca Harley Davidson e da Bíblia. A entrada do Vietnã na OMC, segundo seus diplomatas, representa o coroamento de reformas que começaram ainda na década de 80. Dez anos depois da guerra e da retirada americana, Hanói iniciou o que ficou conhecido como "doi moi", ou renovação. Hoje, o país apresenta uma das maiores taxas de crescimento da Ásia. Em 2005, o PIB avançou 8%. Entre 1995 e 2004, a média de expansão foi de 7,5% por ano no país de 84 milhões de habitantes. Apesar das reformas, o Ocidente não está pronto a aceitar o Vietnã como economia de mercado. Para isso, os americanos exigem medidas como o fim do controle cambial e novas aberturas para investimentos. Até lá, Washington e Bruxelas vão manter suas facilidades para aplicar sobretaxas, como os europeus fizeram contra os calçados de Hanói. (Agência Estado)