Conesa sugere sacrifício de animais suspeitos de aftosa
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Por 17 votos a 1 e cinco abstenções, o Conesa – Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária, sugeriu à Seab a morte dos 1.800 animais e a destruição das carcaças na fazenda Cachoeira. O argumento da maioria foi que isso favoreceria o restabelecimento, em seis meses, do comércio internacional da carne bovina brasileira. Era o que também o Ministério da Agricultura esperava que o Paraná fizesse para atender às normas da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) sobre o comércio de carne de área infectada com aftosa. A reunião foi realizada na tarde de ontem (11/01), na sede da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab), em Curitiba. Estavam presentes 23 dos 35 membros do Conesa, onde a Ocepar foi representada pelo superintendente José Roberto Ricken, e pelo superintendente adjunto, Nelson Costa. Foram 17 votos favoráveis ao sacrifício sanitário, um pelo abate sanitário e cinco abstenções. O governo federal – que possui dois assentos no conselho (Mapa e Embrapa) – enviou apenas observadores, sem poder de voto.
Animais comercializados - Cerca de 600 cabeças de gado que deveriam ser mortas para eliminar o foco de aftosa do Paraná já foram abatidas em frigorífico, antes da confirmação da doença pelo Ministério da Agricultura, e o produto já foi comercializado no mercado interno. O transporte da fazenda ao frigorífico foi autorizado pela Seab (Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná). A informação é de André Carioba, proprietário e gerente da fazenda Cachoeira, de São Sebastião da Amoreira (367 km ao norte de Curitiba). Ele acompanhou ontem, no auditório da Seab, em Curitiba, a reunião do Conesa (Conselho Estadual de Saúde Agropecuária), e informou que entrou medida cautelar na Justiça para tentar impedir o abate. A revelação do proprietário de que parte do gado já virou carne ocorreu quando jornalistas perguntaram por que o ministério, ao anunciar o foco, disse que havia 2.202 animais na fazenda, enquanto a Seab e o fazendeiro falam em 1.800 cabeças.
Abate e certificado de área livre – O diretor-geral da Seab disse que o abate confirmado ontem ocorre ainda neste mês. Antes o Conesa fará avaliação para indenizar a fazenda Cachoeira, cujo prejuízo foi estimado R$ 1,37 milhão. A condição para a OIE devolver em seis meses o certificado de área livre de aftosa com vacinação é que todo o plantel da área afetada seja abatido na propriedade e implica no reconhecimento oficial, pela Secretaria da Agricultura do Paraná, da existência do foco de febre aftosa, para que o Ministério da Agricultura possa fazer o encaminhamento do processo à OIE.
A lição que fica – “Essa situação deixa evidente que temos que ter um poderoso sistema de sanidade animal no Paraná, envolvendo governo, entidades de classe, prefeituras e criadores. Não é momento de dizer o que estava certo ou errado, mas de aprendermos e nos organizarmos para montar um sistema sanitário profissional e seguro, integrando os Estados e as autoridades federais”, afirmou o superintendente da Ocepar, José Roberto Ricken. Ele comentou que a decisão tomada ontem pelo abate dos animais tinha por base a ata do Fundepec do dia 12 de dezembro. “Se não tiver esse poderoso sistema sanitário, é uma aventura pensar produzir carne bovina”, asseverou Ricken.
O que foi sugerido pelo Fundepec - Em reunião extraordinária do Fundepec - Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná, realizada no dia 12 de dezembro de 2005, com intuito de analisar a situação relativa à ocorrência de febre aftosa no Paraná, depois de considerar a situação e os prazos para a volta do reconhecimento do Paraná como área livre da doença com vacinmação, recomendaram “ao Governo do Estado a adoção das medidas preconizadas pela OIE, mesmo que envolva o sacrifício sanitário dos animais, com o intuito de estancar com a maior brevidade os incalculáveis prejuízos que estão sofrendo as cadeias produtivas de carnes bovina, suína, avícola e lácteos”. Ainda segundo o documento do Fundepec, “frente a tal situação, qualquer medida protelatória, seja ela administrativa, política ou judicial interna no país, se tornará inócua sob o aspecto de reconhecimento sanitário internacional e altamente prejudicial quanto a expectativa de recuperação da credibilidade comercial brasileira”. O Fundepec é integrado por várias instituições públicas e privadas com interesse no desenvolvimento da pecuária. Foi criando em 1995.(Com informações da Gazeta do Povo e Folha de São Paulo).