COONAGRO: Visita à Rússia gera oportunidades de negócios

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A missão oficial à Rússia, promovida pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) entre os dias 2 e 8 de junho, gerou várias oportunidades de negócios na área de fertilizantes. "Voltei bastante satisfeito da viagem. Foi uma oportunidade de efetivamente entender mais o país", afirma Daniel Fontes Dias, diretor executivo do Coonagro (Consórcio Nacional de Cooperativas). Dias e diretor executivo da Fecoagro (SC), Ivan Ramos, foram convidados a integrar o grupo brasileiro liderado pelo ministro Reinhold Stephanes que visitou a Rússia. A viagem teve como objetivo discutir o comércio bilateral envolvendo as carnes suínas e de frango, o trigo e a importação direta do fertilizante russo pelas cooperativas brasileiras.

Interesse - De acordo com Daniel Dias, a visita à Rússia foi importante para mostrar que não existe resistência dos russos em fornecer fertilizantes ao Brasil. "O bloqueio existe por parte dos representantes das indústrias russas no Brasil e das traders locais e não por parte dos fabricantes russos, que demonstraram bastante interesse em fornecer o produto diretamente para as cooperativas brasileiras", diz o diretor do Coonagro. Acompanhados pelo secretário nacional de Relações Internacionais, Célio Porto, Dias e Ivan Ramos se reuniram com os diretores das empresas Euro Chem, Ural Chem e Phosagro, que fabricam NPKs , MAP, DAP e nitrogenados, e a  Silvinit, que fornece cloreto de potássio. Apesar da boa receptividade, os russos se queixaram da precária infraestrutura portuária brasileira, dos custos elevados das tarifas e impostos portuários e da insegurança dos custos da operação realizadas por parte das pequenas misturadoras do Brasil, que  acabam onerando os exportadores - responsáveis pela contratação do frete marítimo.

Condições - Para estabelecer negócios, os russos impõem determinadas condições como pagamento antecipado, fornecimento de navios com carga completa (entre 25 mil a 30 mil toneladas de produtos) e assinatura de contrato de operação anual. "Eles não aceitam cartas de crédito. E no caso de spot, ou seja, negociação feita sem contrato, o preço fica de 10% a 20% mais caro. Já os contratos são firmados assumindo volumes de compras", esclarece Dias. Desta forma, os fabricantes russos sugeriram aos brasileiros a formação de blocos para a compra dos fertilizantes. "Como as cooperativas tem a mesma gênese e o mesmo conceito, eles nos aconselharam à formar uma central ou confederação, para uma negociação em bloco", diz o diretor do Coonagro. Segundo Dias, o Paraná já começou a se mobilizar nesse sentido. "Nós estamos entrando em contato com a Cooperfértil, de São Paulo, Comigo, de Goiás e com o Consórcio Cooperativo Agropecuário Brasileiro (CCAB), do Mato Grosso, para ver se, de alguma forma, poderíamos criar esse bloco que eles sugeriram", informa.

Outros contatos - Na Rússia, os representantes do Coonagro e da Fecoagro também tiveram a oportunidade de se reunir com diretores da empresa August's Agroquímicos. "Foi uma visita destinada a buscar afinidades em atividades conjuntas, tendo em vista que a empresa deve começar a operar no Brasil", ressalta Dias. Foi ainda estabelecido um contato com Sergey Loginov, que atuou por dez anos como adido comercial da embaixada russa no Brasil. "Apesar de ter se aposentado da área diplomática, Sergey tem interesse em representar as cooperativas brasileiras na Rússia e buscar oportunidades para a colocação dos nossos produtos naquele país", explica Dias. Outra reunião importante ocorreu com Yuri Ribeiro Prestes, profissional com formação em Comércio Exterior contratado pela Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para atuar como agente na Rússia. Yuri recomendou que o Coonagro estabelecesse contato com a Apex, em Brasília, para apresentar seus interesses. "Essa visita acabou sendo um achado e creio que pode ser um bom caminho para começar as nossas movimentações em busca de novas oportunidades para as cooperativas na Rússia e em outros países".

Mapa - Na avaliação de Daniel Dias, a visita à Rússia superou as expectativas e mostrou que o Mapa está focado em facilitar o acesso das cooperativas a outros países. "Nessa visita também tivemos a oportunidade de conhecer a embaixada brasileira na Rússia. Toda a equipe foi bastante solícita e abriu as portas para nós, se disponibilizando a agendar reuniões que incentivem esse comércio bilateral". Ainda segundo Dias, o contato direto com quem produz os fertilizantes na Rússia foi essencial. "Agora, o segredo é nós nos organizarmos. A bola está com a gente", completa.

Demanda Paraná - Segundo a Gerência Técnica e Econômica do Sistema Ocepar (Getec), a demanda por fertilizantes das cooperativas do Paraná em 2008 foi de aproximadamente 2 milhões de toneladas, ao custo de R$ 3 bilhões. Fundado no dia 26 de setembro de 2008, o Coonagro representa 21 cooperativas agropecuárias paranaenses, as quais reúnem mais de 60 mil produtores e geram 27 mil empregos diretos.

Demanda Brasil - Dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), indicam que o Paraná consumiu em 2008 cerca de 3,40 milhões de toneladas de fertilizantes. No Brasil, a demanda foi de 24 milhões de toneladas. Em 2007, foram consumidas 24,61 milhões de toneladas no país e 3,42 milhões de toneladas no Paraná. Números esses que colocam o país como quarto maior mercado do mundo, ficando apenas atrás da China, Índia e Estados Unidos. Na opinião de Daniel, "temos um mercado altamente competitivo no formulado, com um faturamento de US$ 25 bilhões e que vem crescendo 5% ao ano em volume nos últimos 10 anos". Ele ressalta que este crescimento acontece num mercado com variáveis de câmbio, preços internacionais e de logística, "fatores que interferem consideravelmente nos resultados dos negócios de insumos e fertilizantes e conseqüentemente na produção agrícola", frisa Dias.

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