COOPERATIVISMO: Boa gestão passa pela organização dos cooperados

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O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) nasceu no dia 21 de setembro de 1999, junto com o Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária (Recoop), programa este que possibilitou a recuperação financeira e competitividade do setor. Afinal, as sociedades cooperativas passavam por dificuldades devido aos sucessivos e mal fadados planos econômicos (décadas de 80 e 90). O Sescoop veio com a finalidade de disseminar, através do conhecimento, ferramentas para a boa gestão do sistema como um todo e fazer com que os recursos disponibilizados pelo Recoop fossem aplicados da melhor forma possível para a sustentação das cooperativas e de seus cooperados.

Livro - Mas bem antes do Sescoop surgir, o cooperativismo paranaense já trilhava o caminho da autogestão com um intenso trabalho de organização do quadro social das cooperativas, através dos chamados Comitês Educativos. Tema este que foi abordado com profundidade num artigo assinado pelo presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, publicado no ano de 1994 no livro "Novas Propostas Cooperativista", editado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e com apoio do Departamento Nacional de Cooperativismo (Denacoop) do Ministério da Agricultura.

 

Interesses coletivos - Neste artigo, Koslovski ressalta que o cooperativismo "pela sua própria natureza, como movimento universal e voltado ao "homem", apresenta uma dupla identidade em relação àqueles que o integram, isto é, o cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário da sociedade". Segundo ele, "diante dessa realidade, entendemos que a autogestão é algo intrínseco ao próprio cooperativismo. Sem sombra de dúvida, no cooperativismo a relação entre cooperado/dirigente deve acontecer de tal maneira que prevaleçam os interesses coletivos respaldados nos interesses individuais dos cooperados".

 

Individualismo - No artigo, o presidente do Sistema Ocepar afirma que não é fácil alicerçar a filosofia cooperativista numa sociedade em que prevalece o individualismo. "Contudo, compete ao quadro social manter acesa a chama da essência de todo o processo autogestionário, para que a cooperativa efetivamente reflita a sua vontade. E a essência passa necessariamente pelo respeito, confiança, pela transparência, pela autenticidade dos organismos que compõem a empresa cooperativa, e pelo confronto das individualidades onde deve prevalecer, após amplo debate, a vontade da maioria", lembra.

 

Organização - O texto segue afirmando que "logicamente, para que tudo isso aconteça é preciso ter um quadro social organizado e ativo. Organização essa, que muitas vezes não acontece por uma série de fatores, refletindo diretamente na atuação da cooperativa. Dentro do programa de autogestão cooperativa, a organização do quadro social deve servir como principal meio de ligação entre a direção e os cooperados. Não podemos nos esquecer que o sucesso da autogestão cooperativa passa, necessariamente, pela mudança de valores e comportamento de pessoas, e que o cooperado deve ser o principal agente de todo o processo".

 

Comitês - "A organização do quadro social, em comitês, comissões, núcleos ou conselhos de cooperados, vai facilitar e acelerar a autogestão cooperativa", afirma Koslovski. "Acreditamos que sem um trabalho responsável e consciente em cima da célula principal da autogestão - o cooperado, o programa certamente fracassará", sentenciou Koslovski em seu artigo na época. Para o dirigente, "esse trabalho deve estar centrado na busca de uma maior participação do cooperado na sociedade cooperativa, e vai desde o planejamento até o processo de acompanhamento na execução desse mesmo planejamento. Isso só será conseguido com o quadro social organizado".

 

Exemplo - No cooperativismo paranaense temos inúmeros exemplos de cooperativas dos mais diversos ramos que executam um excelente trabalho de organização do quadro social com apoio do Sescoop Paraná. Uma dessas cooperativas é a Copacol, com sede em Cafelândia, região Oeste do Paraná. Recentemente foram eleitas, através de voto, as novas coordenações dos Comitês Educativos nas unidades de Cafelândia, Formosa do Oeste, Jesuítas e Nova Aurora. Os Comitês são órgãos auxiliares da administração da cooperativa e tem por objetivo aproximar ainda mais a participação dos associados através da manifestação do pensamento, opiniões, troca de ideias e práticas que rendam bons resultados entre os associados. Para o diretor presidente da Copacol, Valter Pitol, os encontros possibilitam que os membros apresentem sugestões e ideias dos demais cooperados.

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