COOPERMIBRA: Produtor não precisa temer declaração de depósito do BHC
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Depois de quase 30 anos, os agricultores que possuem estoques clandestinos do BHC (hexabenzeno de cloro), têm uma oportunidade única para se livrar do agrotóxico proibido. Em entrevista concedida à Assessoria de Imprensa Coopermibra/C.Vale, o chefe do Núcleo Regional da Seab - Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento em Campo Mourão, Erickson Camargo Chandoha, afirmou que nenhum produtor será penalizado se fizer a auto-declaração da existência de BHC em sua propriedade durante a vigência da Lei Estadual que concede "anistia" para quem tem esse e outros 20 agrotóxicos de uso proibido, armazenados em depósitos clandestinos no campo.Medo - "Antes o agricultor tinha medo de ser penalizado por ter um produto ilegal em sua propriedade, mas agora, com essa Lei, a situação mudou completamente, e o produtor pode dizer sem medo onde está o BHC e/ou os demais produtos", comenta Chandoha. Ele ressalta que além da isenção de multas, quem fizer essa autodeclaração agora estará livre também de qualquer custo referente à embalagem, recolhimento e destruição dos agrotóxicos.
Responsabilidade - A responsabilidade desses procedimentos será de um grupo de trabalho que conta com a participação de representantes de órgãos do Governo do Estado e de entidades de classe como sindicatos rurais, Federação da Agricultura, cooperativas, empresas e outras entidades e instituições ligadas a setores agrícolas e ambientais. A primeira ação concreta desse grupo foi o recolhimento de mais de 20 toneladas de BHC, que estavam escondidas em dezenas de propriedades rurais da região de Mandaguaçu.
Locais - A autodeclaração pode ser feita nos sindicatos rurais e escritórios regionais e locais da secretaria de Agricultura, da secretaria de Meio Ambiente, da Emater-PR e da Superintendência de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa). "Depois será agendada uma data para o recolhimento do produto", disse Chandoha. A estimativa é de que sejam retiradas do Paraná cerca de 2 mil toneladas de BHC. Esse material será levado para incineradores industriais existentes em São Paulo e Rio de Janeiro.
Origem - Chandoha explica que o BHC surgiu na agricultura brasileira como um grande aliado dos agricultores durante o auge das lavouras de café (entre os anos 50 e 70). Para combater a Broca do Café, que estava dizimando cafezais, o Governo Federal, através do extinto IBC - Instituto Brasileiro do Café, importou e incentivou o uso do produto que era eficiente no combate a essa e a muitas outras pragas. "Quem é daquele tempo deve se lembrar das "polvilhadeiras" que passavam entre os cafezais levantando grandes nuvens daquele pó branco. Nós achávamos que era bom, mas com o tempo descobrimos que os prejuízos que o BHC trazia à natureza e à saúde humana, eram muito maiores", salienta.
Intoxicação - O problema demorou a ser descoberto porque a intoxicação do BHC no homem é lenta. A absorção pelo organismo pode ocorrer por via oral, respiratória ou pelo simples contato com a pele. Entre os sintomas de contaminação estão convulsões, dores-de-cabeça, tremores e arritmia cardíaca. O produto é cancerígeno e causa danos irreversíveis ao sistema nervoso central, podendo levar a vítima à morte. Por esse motivo, o uso do BHC foi proibido, mas o agricultor que já tinha o produto estocado ficou sem saber o que fazer. Com medo da fiscalização e das penalidades, muitos enterram o BHC em locais secretos, outros deixaram o produto estocado em depósitos clandestinos, e outros jogaram em matas e beira de estradas, aumentando assim o risco de contaminação ambiental, principalmente do solo e das águas.
Objetivo -Agora, com essa medida, a intenção do Governo e das entidades que fazem parte desse projeto é livrar o agricultor desse peso e a natureza desse risco de contaminação. O principal motivo da destinação correta destes agrotóxicos não ter sido feita até hoje era o alto custo do processo. Segundo João Rando, do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens vazias (Inpev), o Paraná deverá gastar entre R$ 5,50 a R$ 6,00 por quilo do material com o processo completo, ou seja, da retirada do agrotóxico à incineração. Isso significa que devem ser gastos cerca de R$ 12 milhões para eliminação das 2 mil toneladas existentes nas propriedades.
Lei - Conforme a Lei Estadual N° 16082, de autoria dos deputados estaduais Rosane Ferreira (PV) e Luiz Eduardo Cheida (PMDB), que foi sancionada em abril deste ano, o prazo de anistia para o produtor fazer essa auto-declaração termina em 30 de novembro. Depois disso, quem for flagrando com armazenagem clandestina de BHC, ou de outros produtos proibidos, estará novamente sujeito a autuação e multas conforme a legislação ambiental. Portanto, quem tiver o produto estocado clandestinamente deve correr para fazer a declaração e se livrar definitivamente desse grande problema. (Imprensa Coopermibra)