COTONICULTURA: Produtores de algodão dependem mais do mercado externo
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Os produtores brasileiros de algodão estão cada vez mais independentes do mercado interno. Em 2001, quando o Brasil efetivamente passou a exportar a pluma com maior regularidade e em volumes expressivos, os embarques representaram 15,6% da produção total do país. No ano passado, o percentual já alcançou 30,1%, e a expectativa é de que as vendas externas avancem para representar mais da metade dos negócios dos cotonicultores a partir deste ano ou, no mais tardar, em 2008. Como nos últimos cinco anos não houve qualquer salto expressivo da produção brasileira - o volume cresceu 10,6%, de 938,8 mil para cerca de 1,03 milhão de toneladas -, especialistas consideram que a "migração" das vendas para outras fronteiras foi a forma encontrada pelos cotonicultores para se defender das oscilações na demanda doméstica, que hoje muitas vezes decepciona em parte pela acirrada disputa com têxteis importados.
Exportações - Segundo o Cepea/USP, 764 mil toneladas da atual safra (2006/07) já estão comprometidas. Desse total, 565 mil devem ser destinadas ao exterior, ou 43% da oferta total. A expectativa inicial era que as exportações alcançariam, no ano, 400 mil toneladas, mas podem chegar até 600 mil. Para a safra 2007/08, 349 mil toneladas de uma produção ainda incerta no Brasil estão contratadas. Para 2008/09, o volume já se aproxima de 90 mil toneladas, e para 2009/10 8,2 mil toneladas estão reservadas, segundo a Conab. O algodão brasileiro tem compradores cativos na Ásia, sobretudo China - maior importador mundial -, Paquistão e Indonésia, e na Europa. Em 2005, o Brasil exportou 77,5 mil toneladas para a China. Em 2006, até outubro, os embarques para o país alcançaram 20 mil toneladas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea).
Preços - Na atual entressafra, os preços da pluma seguem firmes. O índice Cepea/Esalq para o algodão está em R$ 1,35 a libra-peso, aumento de 13% sobre o mesmo período de 2006. No mercado externo, os preços da fibra estão cotado a 55 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 0,8% em 12 meses, e é a conjunção entre demanda chinesa aquecida e quebra da safra da Austrália, provocada por estiagem, que têm oferecido sustentação às cotações. Apesar do crescente vínculo entre as cotações externas e domésticas, no ano passado o governo federal comprou via leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) 461,522 mil toneladas - 45% da produção em 2005/06 - e também ajudou a sustentar os preços no país. (Valor Econômico)