CRISE NO CAMPO I: Derci Alcântara participa de Café da Manhã na Ocepar e avalia crise

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O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil em Brasília, Derci Alcântara, o superintendente no Paraná, Danilo Angst, e oito superintendentes regionais, se reuniram na Ocepar na manhã de hoje (05/05) para discutir a renegociação das dívidas dos agricultores. Durante a reunião, o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski demonstrou preocupação com o fato de que a prorrogação do custeio deste ano não está prevista nas medidas divulgadas pelo governo. Também falou das dívidas não amparadas pelo crédito rural já que, em função da inexistência de recursos em quantidade suficiente para crédito, um grande número de produtores e as cooperativas tiveram que obter crédito no mercado. Como não há nenhuma decisão, até o momento, que permita a renegociação desta dívida, Koslovski se posicionou pela necessidade da adoção de medidas que permitam o financiamento dessas dívidas.
 
Crise sem precedentes - O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Derci Alcântara reconheceu que a agricultura vive um momento muito difícil, porque todos os produtos agrícolas, inclusive do setor pecuário, não apresentam renda. “Hoje, com raras exceções, cana-de-açúcar, laranja, café e talvez o fumo, os demais produtos vêm tendo dificuldades de renda. E essas dificuldades têm um conjunto de fatores que acabaram desembocando num mesmo momento: supersafras mundiais, estoques elevados, preços internacionais em queda, estiagem interna, custos elevados. E o mais grave de todos, o câmbio que hoje está absolutamente desfavorável”, afirmou o diretor do Banco do Brasil.

Banco não exigirá toda a renda – O superintendente do Banco do Brasil no Paraná, Danilo Angst, afirmou que na próxima semana serão feitas reuniões com as lideranças nas diversas regiões do Paraná, quando serão discutidas as condições de renegociação das dívidas dos agricultores. Danilo afirmou que nas renegociações o banco não vai exigir o comprometimento de toda a receita obtida pelos agricultores para o pagamento das dívidas, aliviando um pouco a situação de quem têm dívidas.

Prorrogação de R$ 7 bilhões – Estudos preliminares indicam que é de aproximadamente R$ 7 bilhões o montante das dívidas dos agricultores que estão sendo prorrogadas. “Nós ainda estamos estudando, mas o que está bem assegurado e totalmente definido até o momento é que todas as parcelas de custeio que foram prorrogadas no ano passado em função da estiagem, e que vence este ano, serão prorrogadas. E todas as parcelas de investimento para os principais produtos, ou para aqueles com dificuldade de renda, também serão prorrogadas. Isto é estimado no sistema todo em torno de R$ 7 bilhões”, afirmou Derci Alcântara. No entanto, há uma previsão de que outro tanto também seja objeto de prorrogação “em função da falta de renda na parte do custeio. Nós ainda estamos trabalhando com os normativos que deverão sair na semana que vem para as agências, para poder analisar caso a caso de cada produtor”.

Produtividade boa, mas sem renda – O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil deixou clara a preocupação das autoridades e do próprio banco com a falta de renda dos agricultores na maioria das culturas. “É muito preocupante que em alguns lugares, efetivamente, mesmo com produtividades muito boas, o agricultor não tem recursos suficientes nem para pagar o custeio. E por outro, lado se pegar soja, milho, trigo, arroz e algodão, em lugar nenhum, dado o preço atual, a renda é suficiente, mesmo com produtividade normal esperada, pra cobrir com os custos totais. Isto significa dizer que é um momento onde o produtor está tendo prejuízo. Por mais que ele tenha uma boa renda e uma boa produção, ainda assim eventualmente ele consegue pagar o seu custeio, mas não consegue remunerar todos os fatores de produção”, frisou.

Otimismo – Apesar de todos os problemas que afetam o setor, Derci Alcântara mostrou que o momento é passageiro. “O Banco do Brasil tem a dizer que sempre foi parceiro do setor e que continuará sendo. Não é por uma dificuldade, que por hora está muito agravada, que o Banco do Brasil vai diminuir a sua participação no setor. Nós temos quase 60% de tudo o que é financiado; o segundo banco não tem nem 10%, e queremos continuar com essa participação que temos. E o produtor pode ficar tranqüilo em relação ao Banco do Brasil, que nós vamos fazer o esforço possível para acertar, repactuar o seu endividamento, para que ele tenha tranqüilidade de continuar plantando para, que o momento seguinte, que certamente virá, com melhor renda, ele possa se recuperar”.

Presenças – Além dos superintendentes regionais do Banco do Brasil, também participaram do Café da Manhã, o superintendente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, o assessor da diretoria, Wilson Thiesen, os gerentes Leonardo Boesche, de Desenvolvimento Humano, Flávio Turra, Técnico e Econômico e Gerson Lauermann, de Desenvolvimento e Autogestão e os coordenadores, José Ronkoski, do setor Administrativo e Samuel Milléo Filho, de Comunicação e Imprensa. A reunião foi solicitada pelo presidente da Ocepar em função da crise sem precedentes que afeta o agronegócio.  

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