CRISE NO CAMPO II: Grãos: novo título para rolar dívida

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Representantes do setor agrícola articulam detalhes de uma proposta para uma nova securitização de dívidas. A idéia das lideranças rurais é criar um título similar aos títulos da dívida pública, com emissão no mercado internacional, aval do governo e vencimento entre 15 e 20 anos. O assunto foi discutido ontem (10/04) com representantes de governos estaduais e do Ministério da Agricultura no seminário "O agronegócio no Brasil", promovido por governo do Mato Grosso e Fundação Getúlio Vargas (FGV). A proposta foi lançada pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) há cerca de duas semanas, antes da divulgação do pacote de ajuda do governo federal de R$ 9 bilhões. Blairo Maggi (PPS), governador do Mato Grosso, disse que buscará apoio de governadores para refinar a proposta e propor a criação dos títulos ao governo federal antes do plantio da safra 2006/07.

Proposta - Ivan Wedekin, secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, deve detalhar hoje (11/04) como serão distribuídos os R$ 1,238 bilhão para comercialização de arroz, soja, trigo, milho e algodão. Questionado sobre a proposta de títulos internacionais, Wedekin disse que o governo espera receber a proposta oficialmente e com mais detalhes para avaliar a possibilidade de conceder o aval. Paulo Rabello, analista da RC Consultores, aponta que o valor da produção de soja, milho e trigo alcançou em torno de R$ 70 bilhões em 2004. Em 2005, esse número caiu para R$ 50 bilhões e a expectativa, segundo ele, é baixar para R$ 45 bilhões este ano, caso não haja mudanças na política agrícola e fiscal. Estima-se que, nos últimos dois anos, o setor acumula prejuízo no país superior a R$ 30 bilhões. Conforme Blairo Maggi, o pacote de ajuda lançado semana passada alivia o setor para fazer investimentos para a safra 2006/07, mas não resolve o problema. "Quando chegar em 2007 o setor vai voltar a renegociar dívidas", afirmou ele. O governador disse que o setor foi afetado principalmente pelos efeitos do câmbio nos preços das commodities e a elevação dos insumos - especialmente diesel, fertilizantes e agroquímicos. (Valor Econômico)

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