CRISE NO CAMPO III: Agricultores mobilizados em Matelândia
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O plenário da Câmara de Vereadores de Matêlandia foi pequeno para o público que compareceu, na noite do dia 10 de abril, à reunião de esclarecimento e sensibilização da comunidade, sobre a crise do setor agropecuário. Entre as mais de 300 pessoas presentes ao evento estavam líderes comunitários e políticos da região Oeste e Sudoeste do Paraná. Durante a abertura do evento, presidente da Amop (Associação dos Municípios do Oeste) e prefeito de Santa Teresa do Oeste, Francisco Menin, destacou a importância dos agricultores se organizarem e se mobilizarem. "Está na hora do homem do campo, do agricultor, sair de sua varanda e ganhar as ruas", enfatizou Menin. Dentre os assuntos debatidos na reunião a questão da proibição do plantio de soja geneticamente modificada na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu mereceu destaque.
Confusão na opinião pública - Para o diretor executivo da Coodetec, Ivo Marcos Carraro, que também participou do evento, há uma generalização da transgenia, e isto estaria confundido a opinião pública. "A discussão vem se concentrando em cima da palavra transgênicos, que é uma técnica, e não sobre um produto específico. A lei de biossegurança propõe exatamente isto, analisar cada evento separadamente e aprovar somente aqueles seguros", argumenta o diretor. "Eu posso afirmar que qualquer produto alimentício tradicional sofre muito menos rigor na sua certificação e teste antes de ir ao mercado de consumo", completa Carraro.
Efeitos da crise - Em seguida o diretor presidente da Lar, Irineo da Costa Rodrigues apresentou dados sobre o momento de dificuldade em que os produtores rurais se encontram. Irineo afirmou que em momentos anteriores os problemas eram setorizados, o que não está ocorrendo neste momento. Entre as causas da crise o presidente assinala o clima, o câmbio desfavorável, custos elevados de produção, endividamento dos produtores e problemas sanitários. Para o presidente da associação comercial de Matelândia, Ademar Dagostini, a participação dos empresários locais também é importante para resolver o problema dos agricultores. "No nosso município 80% da economia gira em torno do agronegócio", lembrou ele.
Protesto também em Laranjeiras - Agricultores bloquearam uma rodovia e fecharam a agência do Banco do Brasil em Laranjeiras do Sul, no centro-oeste do Paraná. Eles querem mais prazo para pagar as dívidas da safra. O protesto reuniu mais de 50 agricultores de 14 municípios da região centro-oeste do Paraná. Eles despejaram na estrada uma carga de milho, e ainda soltaram porcos e frangos. A colheitadeira que o agricultor Paulo Miezerski trouxe para a manifestação pode estar com os dias contados. Ele pretende vender ou entregar a máquina ao banco para cobrir parte das dívidas. “Nunca passei por uma situação com essa de agora. Você se sente envergonhado porque não consegue honrar seus compromissos. A gente quer pagar, só que com o preço do nosso produto não dá para pagar nem 60% das dívidas”, diz ele. Depois de liberar a estrada, os agricultores fizeram um tratoraço pelas ruas de Laranjeiras do Sul. Todos os manifestantes decidiram ir até a frente da agência do Banco do Brasil. A categoria pede mais prazo para pagar as dívidas e garantia de preço mínimo para o milho e a soja.