CRISE NO CAMPO IV: Faep avalia medidas como \"pacotinho\"
- Artigos em destaque na home: Nenhum
O pacote de medidas anunciado em Brasília nesta sexta-feira (12) pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, não resolve o problema da agropecuária, de acordo com o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), Ágide Meneguette. Segundo ele, o Governo Federal está apresentando como novo "um pacotinho" requentado de medidas, que não resolvem o problema. "Quanto às questões centrais da crise, nada ainda", declarou Meneguette. O presidente lembrou que o problema não se resume em dar fôlego para pagamento de dívidas no próximo ano nem tentar prorrogar a agonia com recursos para EGF (Empréstimo do Governo Federal). "Com o dólar em queda e o volume de estoques mundiais, tomar financiamento de comercialização a essa altura pode significar afundar ainda mais", alertou.
Quebradeira - Segundo Meneguette, a questão é simples: alongamento das dívidas dos produtores rurais por pelo menos 20 a 25 anos para que eles possam absorver os prejuízos e dívidas que vêm se acumulando desde o segundo semestre de 2004. "É necessário mudar com urgência a política cambial que está quebrando a agropecuária e todo o setor exportador brasileiro", afirmou. Para o presidente da FAEP, com o dólar baixo como está, resultado da entrada de recursos especulativos com a chancela do Governo Federal, "o investidor estrangeiro está fazendo uma festa às custas da nossa desgraça - não há condições de estancar a crise. O Governo Federal precisa tomar uma decisão com urgência".
Protesto - Produtores de todo o país vão às ruas na próxima terça-feira (16) para demonstrar à população brasileira as dificuldades por que passa a agricultura e sensibilizar o Governo Federal a adotar medidas efetivas para combater a crise do setor. O "Grito do Ipiranga", como está sendo chamado o protesto, exige mudanças nas políticas agrícola e cambial, além de alongamento das dívidas, de forma a criar condições de sobrevivência a produtores endividados e sem renda. O grande protesto será no dia 16, mas, até as eleições, os agricultores vão permanecer mobilizados, fazendo protestos regionais para não deixar que suas reivindicações fiquem em segundo plano ou caiam no esquecimento da classe política.