CRISE NO CAMPO IV: Governadores e lideranças ouvem especialistas em agronegócio
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Durante a audiência pública realizada nesta terça-feira (16/05) no Senado, os governadores e lideranças presentes ouviram diversos especialistas em economia e agronegócio sobre os possíveis caminhos como saída para a crise. Segundo o economista Paulo Rabelo de Castro, da SR Rating e da RC Consultores, propôs a transferência de R$ 20 bilhões de recursos públicos e privados para financiar as perdas do agronegócio nos últimos três anos. Pela proposta, os agricultores teriam entre cinco e dez anos para pagar o financiamento. Além disso, haveria alternativa de pagamento por meio de safras futuras. Do total defendido pelo economista, o governo já acenou com o financiamento de R$ 5 bilhões.
Fontes de financiamento - Castro, que participou de audiência sobre a crise agrícola, sugeriu que o Banco Central autorize a utilização de 10% dos depósitos compulsórios à vista retidos pelo banco – cerca de R$ 7 bilhões – para financiamentos do setor agropecuário. Outros R$ 7 bilhões, segundo o economista, viriam das reservas internacionais, "que a agricultura ajudou a formar". Esse valor corresponderia a 5% do total das reservas, que hoje se encontram em torno de 60 bilhões de dólares (R$ 128 bilhões). Castro entende que a medida é justa porque os saldos positivos da balança comercial do País só foram possíveis graças à participação da agricultura. O restante dos recursos seriam retirados da arrecadação da Cide e financiariam projetos de infra-estrutura voltados para a agropecuária. O economista Guilherme Leite da Silva Dias, da Universidade de São Paulo (USP), sugeriu a concessão de subsídios para o transporte de produtos agrícolas como uma das alternativas contra a crise no setor agropecuário. "Há um desequilíbrio fundamental entre os preços dos transportes e o preço dos produtos agrícolas", disse Dias, ao participar de audiência pública sobre o tema. Para o economista, esse desequilíbrio é causado, principalmente, pela alta do petróleo no mercado internacional. Ele acrescentou que a redução dos custos do frete também amenizaria a crise.
Mercado internacional - Dias afirmou que a queda do preço dos produtos agrícolas no mercado internacional é outro componente da crise. Esse argumento foi contestado pelo economista Fernando Homem de Melo, também da USP, para quem há um ambiente externo favorável à agricultura, com alta de preço de produtos como derivados cana-de-açúcar e suco de laranja. Melo propôs uma reforma tributária radical, que inclua a isenção tributária total dos insumos agrícolas por um prazo de dois anos e a desoneração do óleo diesel. Ele também sugeriu a implantação de políticas que promovam o crescimento da economia, ampliando o consumo de bens no mercado interno. Fernando Homem de Melo concluiu que os problemas por que passa a agricultura são decorrentes da política macroeconômica, mas ponderou que os produtores, em um contexto de câmbio flutuante, "mais do que saber produzir precisam vender bem seus produtos".