CRISE NO CAMPO V: No oeste paulista, o drama das dívidas

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Agricultores que não conseguiram pagar as dívidas com o governo estão sendo executados na justiça. Veja como está a situação no oeste de São Paulo. A agricultora Eliana da Silva cresceu no campo e aprendeu desde cedo a lidar com as dificuldades. Agora enfrenta a pior delas: perdeu tudo o que tinha. “Nós tínhamos 180 alqueires de algodão plantados, e 20 de milho. Colhemos tudo isso quando vendemos e não conseguimos pagar as contas porque não teve preço. Nem o governo nem os bancos quiseram saber e já foram executando, pegando tudo o que tínhamos e penhorando, até que ficamos sem nada”, desabafa Eliana. As cinco propriedades da família foram entregues para pagar parte da dívida, e por isso tiveram de se mudar para um assentamento rural em Tupi Paulista, oeste de São Paulo. Na área de oito hectares, Eliana trabalha com os dois filhos. A sobrevivência, por enquanto, depende do leite, que dá uma renda mensal de R$ 1.200, 00.

Securitização - O agricultor Valdir Rorato também está prestes a perder a propriedade depois de 23 anos de trabalho no campo. O sítio de 33 hectares fica no município de Junqueirópolis. Ele cresceu trabalhando no sítio, de onde sempre tirou o sustento da família, mas nos últimos dez anos depois de perdas na lavoura de algodão e feijão surgiram as dívidas com o governo federal. Hoje o agricultor deve quase R$ 1 milhão e metade dos bens dele já está penhorada pela justiça. Valdir fez a securitização em 1995, mas não conseguiu pagar as parcelas. Agora a dívida passou para a União e ele perdeu o direito ao parcelamento. Tem de pagar tudo de uma vez. Além disso, a taxa de juros anual, que no início era de 3%, subiu para 17,5% ao ano. Ele acaba de receber a carta de penhora da propriedade. “É impossível conseguir pagar uma conta passada com a lavoura plantada agora. Eu precisaria de um prazo longo, uma prorrogação e uma correção nestes juros porque aqui estão sendo cobrados juros abusivos. Os juros que estão aqui se tornaram impagáveis”, conta o agricultor. (Informe Cocamar)

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