DERAL: Política cambial ajuda a desvalorizar terras
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A tendência é que a desvalorização das terras agrícolas no Paraná se acentue, enquanto o governo federal não rever a política cambial e de juros. A opinião é do assessor econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque, ao comentar a pesquisa do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, que apontou uma queda de 8,8%, em média, no valor das propriedades rurais paranaenses, este ano, na comparação com 2005.
Política - "A terra vale aquilo que é capaz de produzir, mas o problema não é só a queda na produtividade. O preço dos produtos está muito baixo. Não dá para atribuir (a crise) só à seca", reforçou Albuquerque. E, como tudo indica que o dólar vai se manter em baixa - cotado entre R$ 2,10 e R$ 2,20 -, as perspectivas de reversão do quadro, para ele, não são muito animadoras. "E isso se reflete no volume de negócios com terras que é quase inexistente", acrescentou. Albuquerque afirmou que o preço dos grãos como soja, milho e trigo tem sido desfavorável ao produtor, ao converter o valor para o real, mesmo que estejam bem na cotação internacional. "Não se trata de investimento em tecnologia. Trata-se de política de governo", insistiu.
Paranavaí - Representantes de cooperativas agrícolas do Estado também confirmam o que tem acontecido, na prática, com o valor das terras. Os dados não são oficiais, mas de quem acompanha de perto a situação dos produtores rurais. Em Paranavaí, por exemplo, onde as terras já não eram muito valorizadas por ser uma região de solo arenoso, o alqueire vale de R$ 15 mil a R$ 16 mil. "Há dois anos, o preço de venda variava de R$ 20 mil, R$ 25 mil, chegando até a R$ 28 mil (o alqueire), lembrou o gerente do entreposto da Cocamar, em Paranavaí, João Carlos de Souza. O melhor valor, atualmente, são nas propriedades mais próximas à cidade, onde o alqueire pode custar até R$ 20 mil. De acordo com Souza, muitos produtores precisariam vender suas terras para saldar dívidas de financiamentos e de duas safras frustradas. No entanto, não há quem compre. Uma alternativa para o agricultor descapitalizado, acrescentou ele, tem sido arrendar sua propriedade para as novas usinas de cana-de-açúcar que estão se instalando na região. "Para muitos, essa tem sido a opção. Arrendam as terras para pagar as contas", disse. (Folha de Londrina)