ECONOMIA: Empresas crescem mais do que o PIB

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As 43,3 mil maiores empresas não-financeiras do país aumentaram em 4,7% o faturamento em 2006. O resultado é melhor do que a evolução do "novo PIB" do Brasil, que subiu 3,7% no ano passado. Além de um vigor acima do PIB (Produto Interno Bruto), os balanços dessas companhias revelam uma forte e prolongada recuperação em seus ganhos ao longo do governo Lula. Mostram também que o ritmo de crescimento do faturamento é mais acelerado no comércio -que se firma como um dos carros-chefes do crescimento- e que o dólar barato (a moeda desceu a R$ 2,04 na semana passada) prejudica o setor industrial e exportador.

Dólar - Ao mesmo tempo, o dólar fraco favorece o aumento da renda interna e, novamente, o comércio, já que importados e produtos agrícolas (commodities) ficam mais baratos para o consumidor brasileiro. Juntas, as 43,3 mil empresas pesquisadas faturaram em 2006 o equivalente a 60% do PIB. Os dados são da Serasa com base nos balanços de 10,4 mil empresas industriais, 18,8 mil comerciais e 14,1 mil de serviços --públicas e privadas, de capital aberto e fechado. Entre 2005 e 2006, foram as empresas comerciais as de melhor desempenho. O faturamento subiu 7,1%. No ramo de serviços, a alta foi de 4,7%. Na indústria, de 3,6%. Foi o segundo ano seguido em que o comércio ficou à frente (ele cresceu 7,4% entre 2004 e 2005). E também o segundo ano consecutivo em que a indústria ficou para trás (havia caído 3,6% entre 2004 e 2005).

Ganhos no longo prazo - Apesar de crescerem aquém do comércio e dos serviços nos dois últimos anos, as indústrias (que são minoria na amostra) lideram em volume de faturamento. Juntas, ganharam R$ 622,7 bilhões em 2006, contra R$ 351,5 bilhões do comércio e R$ 409,6 bilhões dos serviços. A Serasa também comparou a evolução dos balanços dessas empresas nos três ramos de atividade em um período maior, a partir de 1999 (tomando 1998 como base 100 para a análise). De lá para cá, com a arrancada dos dois últimos anos, o faturamento do comércio cresceu 45,8%. Da indústria, 38,1%. Do setor de serviços, 19,5%. "Os números mostram robustez. No atual cenário de calmaria externa e maior confiança interna, há muita expectativa de que os bons resultados se traduzam em investimentos. As empresas estão mais soltas para colocar 'o barco no mar'", afirma Amador Alonso Rodriguez, superintendente de análise de empresas da Serasa. Para Celso Toledo, da MCM Consultores, o aumento da participação das empresas comerciais e de serviços no faturamento total é considerado tendência tanto estrutural (como nos países desenvolvidos) quanto conjuntural (por causa do dólar desvalorizado).

Crédito - A expansão do crédito nos últimos anos é apontada como um dos principais propulsores do faturamento passado e da expectativa positiva futura. O Brasil ainda "engatinha" nessa área, já que o crédito representa cerca de 32% do PIB -contra mais de 100% em economias mais avançadas. "Ainda há muita carência por crédito no Brasil. A tendência é que o crédito continue crescendo à medida que os juros e os 'spreads' bancários caiam", afirma Marcel Artoni de Marco, analista do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração). Embora o setor privado tenha faturado mais, a nova metodologia do PIB mostrou que o nível de investimentos está em 16,8% do produto. Bem abaixo dos 25% tidos como necessários para o crescimento sustentável. Já o consumo do governo está na casa dos 20%, alimentado por uma das mais altas cargas tributárias do mundo. (Folha online)

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