ESTUDO: Zoneamento vê cana em área de pasto

  • Artigos em destaque na home: Nenhum
A tentativa do governo de evitar a expansão da cana-de-açúcar na Amazônia deve abrir 44 milhões de hectares para o plantio da matéria-prima do etanol. Os estudos do governo para determinar onde a cana poderá ser plantada no país, o chamado zoneamento ecológico-econômico, detectaram um aumento potencial em 40 milhões de hectares de pastagens degradadas e outros 4 milhões de hectares hoje dedicados a pecuária e lavouras.

Versão final - A  versão final do zoneamento deve ser divulgada na próxima semana pelo presidente Lula em rede nacional de rádio e TV. O governo quer dar uma espécie de "satisfação" à forte pressão da opinião pública internacional pela criação de um "cinturão de proteção" na floresta e no Pantanal.

Corredores de biodiversidade - As questões sobre a permissão a usinas na região do Baixo Rio Paraguai ainda são controversas. E os especialistas ainda precisam determinar a criação de "corredores de biodiversidade" para garantir a ligação entre reservas florestais em algumas regiões. Mas a mensagem de preservação da floresta e dos rios será a ênfase do anúncio oficial do governo.

Futuro - Ao mesmo tempo, a conclusão dos estudos, realizados por um consórcio de cinco órgãos estatais de pesquisa, dará uma perspectiva de futuro ao setor sucroalcooleiro. Em um momento de crise financeira, o anúncio do zoneamento também acena com incentivos fiscais para a produção obtida dentro de critérios de rigoroso controle. Os estudos avaliam ser possível produzir 280 bilhões de litros de etanol apenas nas áreas recomendadas pela pesquisa. Hoje, a produção está ao redor de 20 bilhões de litros.

Áreas preferenciais - O estudo inédito cruzou mapas e informações coletadas nos últimos 50 anos para determinar as áreas preferenciais para o cultivo da cana no Brasil. A intervenção estatal proibirá o plantio da cana em regiões consideradas inadequadas pelos pesquisadores. Serão indicadas as áreas onde haverá permissão do cultivo de cana e as localidades onde a atividade será incentivada por meio de crédito rural adicional e de isenções fiscais. Como compensação pela proibição do cultivo da cana na Amazônia, o governo incentivará a produção de óleo de dendê em até dois milhões de hectares no Pará, Amazonas e Roraima por meio de políticas públicas específicas e diferenciadas.

Restrições - O consórcio sugere restrições a áreas com declividade acima de 12%, temperatura média anual abaixo de 19ºC e risco de geadas acima de 15%, além de prever a exclusão de regiões com baixa deficiência hídrica, superior a 120 dias entre setembro e março. Para essas regiões recomendadas, o máximo de quebra de safra tolerada seria de 20% para variedades de cana com até cinco cortes. Por isso, o consórcio aconselha limitar o déficit hídrico a 200 ou 300 milímetros. O trabalho também sugere evitar recomendações em áreas com 90 dias sem excedente hídrico na época da colheita, além de desestimular incentivos em zonas de reservas florestais e beiras de rio. Áreas de exclusão devem sofrer limitações de financiamento do BNDES à construção ou ampliação de usinas de etanol, restrições na concessão de crédito rural ao plantio de cana e, ainda, a redução na cobertura de seguro oficial. "Somos francamente favoráveis, por razões ambientais, à expansão do etanol e do biodiesel", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em audiência pública no Senado. "Temos sete milhões de hectares hoje e vamos expandir para mais cinco milhões. E não vamos admitir que barreiras comerciais contra nosso etanol sejam usadas como argumentos ambientais". (Valor Econômico)

Conteúdos Relacionados