EXPANSÃO: Indústria de nutrição animal cresce 10% em 2008

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Apesar das dificuldades com a crise financeira no mercado global e dos entraves de burocracia e tributação, a indústria de nutrição animal registrou crescimento de 10% em 2008. Em evento realizado no mês de dezembro para aproximadamente 150 pessoas na Fiesp, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) divulgou o balanço do setor com números positivos. No total, foram produzidas 59 milhões de toneladas de ração e 2 milhões de toneladas de sal mineral.

Alta demanda - O diretor executivo do Sindirações, Ariovaldo Zanni, explica que o setor foi beneficiado pela alta demanda nos dez primeiros meses do ano. Novembro e dezembro impactaram negativamente no balanço, mas não chegaram a afetar as previsões de crescimento na produção. Outro forte impacto foi causado pela alta carga tributária, em especial de PIS e Cofins. A indústria de nutrição animal, grande importadora de insumos, sofre com a ausência de incentivos, em especial neste momento de falta de liquidez no mercado, o que pode ter impactos negativos sobre a atividade no próximo ano.

Avicultura - A produção de ração e suplementos para a avicultura é a que tem maior peso sobre o setor de nutrição animal. Em 2008, a avicultura consumiu 50% da produção de ração no país, o equivalente a 30 milhões de toneladas. Essa demanda, em crescimento desde 1995, foi influenciada pelo bom desempenho do setor exportador de frangos e também pela evolução do consumo interno - hoje a carne de frango é a mais consumida do país. Tanto as aves de corte (10,4%) quanto de postura (12,6%) registraram crescimentos de dois dígitos durante este ano.

Suinocultura - O ano foi positivo para os fabricantes de ração para suínos. O setor cresceu 7,9%, atingindo uma produção de 15 milhões de toneladas. O bom desempenho é atribuído ao aumento nas exportações de carne suína no período. A demanda interna também aqueceu, graças a campanhas educativas empreendidas pelo setor, ressaltando os benefícios da carne de porco para a saúde. A especialização dos cortes, com foco em um mercado mais sofisticado, também acelerou a demanda interna pelo suíno, o que impactou positivamente o mercado de rações

Bovinocultura - Com crescimento de 13,3% em 2008, a bovinocultura (corte e leiteira) passa por um momento de mudanças, graças à tendência observada nos últimos anos de semiconfinamento do gado. Setor em que a penetração de ração industrializada ainda é pequena, a bovinocultura já registra aumento na demanda por alimentação animal especializada, movimento que deve acelerar nos próximos anos. A produção de ração para gado leiteiro (14,4%) e de corte (11%) cresceu graças aos bons preços do leite e da carne registrados nos primeiros meses deste ano.

Cães e gatos - Com produção de 2 milhões de toneladas durante o ano, o setor de ração para cães e gatos cresceu 10,1% no ano de 2008. A alta carga tributária incidente no produto é de 50% e um dos entraves para o segmento, pois  desestimula sua competitividade. O resultado é que existe uma grande demanda reprimida - quase metade dos cães e gatos no país não é alimentada com ração apropriada.

Aqüicultura - Apesar dos desafios de ordem sanitária e de barreiras comerciais de exportação, o setor de aquicultura demandou 245 mil toneladas de ração durante o ano, o equivalente a um crescimento de 9% em relação a 2007. Os investimentos realizados pelas empresas e governo em pesquisa, desenvolvimento e concessão de crédito em 2008 devem gerar bons frutos nos próximos anos.

Perspectivas para 2009 - A expectativa do Sindirações é de que 2009 seja um ano de cautela, graças aos efeitos da crise sobre a agropecuária, principal fornecedora de insumos para a indústria de alimentação animal. "A agricultura é uma atividade muito financiada. Com a ausência de liquidez do mercado, manter a produção se torna mais difícil", afirma Zanni.

Preocupação - O diretor executivo também alerta que, apesar do preço de sementes como milho e soja estarem em queda, a preocupação é com as próximas safras: "Quem cultiva essas commodities pode se sentir desestimulado a produzir, o que provocaria, no próximo ano, falta de grãos no mercado", explica. O desafio da carga tributária também se mantém. Apesar dos esforços empreendidos pelo Sindirações, 2009 pode ser um ano difícil para a indústria de alimentação animal. Em meio a uma crise internacional, a falta de incentivos fiscais e a burocracia tendem a prejudicar o segmento.

Estabilidade - Mesmo com esse cenário, não haverá retração no setor. Na hipótese mais pessimista, que considera que a crise perdure até o segundo semestre de 2009, a indústria de nutrição animal deve registrar estabilidade, e não queda, principalmente pelo caráter de primeira necessidade dos itens alimentares. Se houver contenção da crise no primeiro semestre de 2009, o crescimento ainda assim deverá ser de até 5%. "Ainda mantemos nossa projeção de que, em 2010, o Brasil produzirá 70 milhões de toneladas de ração. Hoje, somos o único país com todas as condições para registrar esse crescimento, apesar de não termos incentivos para a atividade", afirma Zanni. (Sindirações)

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