Exportação de carne in natura tem alta de 14%

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Apesar do embargo de mais de 50 países ao Brasil por causa do ressurgimento da febre aftosa no país, as exportações brasileiras de carne bovina in natura voltaram a registrar alta em fevereiro passado. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), os embarques somaram 104.710 toneladas (equivalente-carcaça) de carne bovina in natura, 13,72% mais que em igual mês de 2005. A receita em fevereiro também cresceu, 10,23% sobre igual período de 2005, para US$ 154,6 milhões. O diretor-executivo da Abiec, Antônio Camardelli, afirmou que o crescimento continua porque dos 56 países que embargaram a carne in natura brasileira, 25 estão na União Européia, "que continua comprando de outros Estados", à exceção de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, de onde as compras foram suspensas após a confirmação da aftosa nos dois primeiros.

Estratégia - Segundo ele, a estratégia dos frigoríficos de vender "pacotes" diferenciados de cortes também sustenta os volumes. Por essa estratégia, são ofertados cortes de traseiro (juntamente com os de dianteiro), por exemplo, para clientes que geralmente não compram grandes volumes do primeiro. Um caso é o Oriente Médio, que normalmente compra dianteiro. Dessa forma, os frigoríficos têm conseguido desovar os cortes de traseiro que não teriam comprador por causa do embargo, ainda que a preços mais baixos. "O frigorífico perde menos e consegue exportar", afirmou Camardelli. Mas apesar dos volumes crescentes, o preço médio da carne in natura caiu 3,07% em fevereiro, para US$ 2.171,54 por tonelada, segundo a Abiec. Os maiores mercados para a carne brasileira mês passado foram Rússia, com 34.085 toneladas (equivalente-carcaça), e Egito, com 10.428 toneladas. Ambos são mercados que compram cortes de dianteiro, principalmente, cujos preços são mais baixos.

Readequação - As vendas de carne industrializada recuaram 15% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2005, para 47.995 toneladas, segundo a Abiec. A receita, porém, subiu 19,13%, para US$ 52,525 milhões. Camardelli observou que o setor ainda está se readequando depois que as vendas de carne bovina industrializada para os Estados Unidos foram suspensas em 2005. A decisão foi tomada pelo governo brasileiro depois que os americanos pediram a revisão de procedimentos técnicos adotados por frigoríficos e ao Brasil para adequar o sistema de inspeção e fiscalização às regras dos EUA. Ele acrescentou que hoje o país exporta mais produtos industrializados com maior valor agregado, o que ajudou a ampliar a receita em fevereiro. Na quarta-feira, a União Européia fez um corte de 10% no valor do reintegro, uma espécie de subsídio às exportações de carne bovina do bloco, o que deve favorecer as vendas brasileiras, reconheceu Camardelli, da Abiec. Segundo fontes do setor, a decisão da Comissão Européia teria sido tomada por conta dos preços historicamente altos do gado na UE, temor de escassez de carne bovina e questões de curto prazo como o impacto da gripe aviária e os embargos a Brasil e Argentina por causa da febre aftosa. Esses dois fatores podem gerar menor oferta de carne no mercado. (Valor Econômico).

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