FAESC: Previsões de safra do IBGE atrapalham o mercado
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"É preciso dizer com todas as letras: o IBGE está prejudicando os produtores rurais brasileiros". A acusação é de Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), que reclama que a instituição faz previsões superestimadas de produção de grãos no país e, no decorrer do período pré-colheita, vai anunciando reduções até ajustar a previsão com a realidade das lavouras. Essa prática, segundo ele, perturba o mercado, gerando expectativa de excesso de oferta e preços em queda. "Quando o cenário começa a melhorar para alguns setores da agricultura, vem o IBGE com suas previsões elevadas transtornar o mercado", protestou Barbieri em comunicado à imprensa.
Críticas - Ele ressalta que a agricultura está saindo de uma grave crise provocada pela combinação de desvalorização do dólar, excesso de produção, perdas com intempéries climáticas, preços em queda e perda de mercados. O governo, segundo Barbieri, ajuda pouco na produção agrícola, oferece crédito rural insuficiente e não tem programas efetivos de apoio à comercialização dos grãos. "O governo não pensa estrategicamente na agricultura, ignora os problemas do setor e não prioriza investimentos em programas infra-estruturantes", dispara.
Estimativas – Na nota em resposta à posição de Barbieri, o IBGE esclarece que, nas primeiras estimativas de produção de safra, realizadas na época dos plantios, são considerados os rendimentos normais obtidos nos anos anteriores. A instituição ressalta que essas previsões iniciais não podem ser entendidas como definitivas. "As referidas previsões também não têm por objetivo provocar oscilações nos preços agrícolas, pois a função institucional do IBGE é apenas de coordenar as estatísticas do país", destaca Neuton Alves Rocha, gerente de agricultura da diretoria de pesquisas do IBGE. Ele lembra, ainda, que uma série de órgãos e entidades participam da comissão que aprova esses dados mensalmente, a exemplo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o Ministério da Agricultura, entre outros. "As estimativas só são aceitas como válidas para determinado mês depois que cada comissão regional chega a um consenso entre seus participantes, validando formalmente o dado", explica Rocha.
Otimismo – Os números divulgados pelo IBGE na última semana indicam que a produção agrícola brasileira deve aumentar 6,3% em 2007, atingindo 123,9 milhões de toneladas. A previsão aponta um forte aumento da produtividade, já que a área cultivada no país caiu dos 47,6 milhões de hectares em 2005/2006 para 45,5 milhões de hectares em 2006/2007. As boas condições climáticas são responsáveis pelo otimismo da previsão. (Revista Amanhã)