FERTILIZANTES I: Construção de fábrica une cooperativas no Paraná
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Em parceria com três empresas do setor de fertilizantes, Macrofértil, Península e Unisoft, 20 cooperativas agrícolas do Paraná criaram, em meados de setembro, um consórcio para acelerar o projeto de construção de uma fábrica de ureia destinada a tornar o Estado autossuficiente no produto. O Paraná consome cerca de 750 mil toneladas de ureia por ano e conta hoje só com uma fábrica, da Ultrafértil, que produz ao redor de 600 mil toneladas, das quais ficam no Estado perto de 400 mil toneladas. A nova planta, que demandará investimentos estimados em US$ 300 milhões, terá capacidade para fabricar entre 300 mil toneladas e 350 mil toneladas por ano.
Projeto - O projeto é da empresa chinesa de engenharia Chengda, da área de plantas químicas e plataformas de petróleo. A tecnologia é de outra companhia chinesa, Sichuan, grande fabricante de ureia e agroquímicos na China. O consórcio Conapar terá prazo de seis meses a um ano para concluir os estudos sobre a viabilidade econômica.
Consórcio - As cooperativas, que representam 60 mil produtores, com área de 4 milhões de hectares no Paraná e produção de 8 milhões de toneladas de grãos estão reunidas na Cooperativa Nacional Agroindustrial (Coonagro). Criada em 2008 como um consórcio para a compra de fertilizantes diretamente de mineradoras da Rússia e da China para abastecer os cooperados por preços menores, a Coonagro se lança agora na fabricação desses insumos. Na safra de verão de 2010, movimentou 60 mil toneladas de fertilizantes, correspondentes a 6% da demanda das cooperativas. "Foi um teste com a própria marca", diz Daniel Dias, diretor-executivo da cooperativa. "A Coonagro surgiu em função dos disparates dos custos dos fertilizantes. É uma vergonha o Brasil ser um grande produtor agrícola e depender de importações de fertilizantes."
Potássio - A Coonagro também firmou acordo comercial com a Potássio do Brasil, do grupo canadense Forbes & Manhattan, com sede em Belo Horizonte (MG), que recentemente descobriu minério de potássio no Estado do Amazonas. "O Brasil tem potencial para, em 15 anos, atingir a autossuficiência em potássio e se transformar em exportador do produto. O país tem os recursos minerais. Eles só têm de sair do subsolo", diz Daniel Dias, animado com a descoberta feita em áreas mais rasas do que as da vizinha jazida da Petrobras.
Exploração - Descoberta em 1968, essa mina da estatal só teve sua exploração aventada há pouco tempo e transformou-se, contudo, em objeto de recurso judicial do mesmo grupo canadense que, vencedor da licitação da Petrobras, foi depois afastado pelo governo. Segundo Dias, a Coonagro assinou contrato de cooperação com o grupo canadense para ajudar no encaminhamento de licenças ambientais, obtenção de energia elétrica, construção de um porto no Amazonas e divulgação.
Fosfatados - Dentro de um mês, segundo Dias, a Coonagro vai anunciar outra parceria para a produção de fertilizantes fosfatados, a partir da exploração mineral de rocha fosfática. "Assim fechamos o ciclo. A Vale quer comprar tudo e não podemos ficar nas mãos de um só. O que barateia é a concorrência e a origem da empresa pouco importa para os interesses dos agricultores, que querem ter o produto disponível por preços mais baratos", diz. (Valor Econômico)