FESTIVAL: Jovens do campo buscam atenção
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Cerca de cinco mil jovens deixaram o campo em busca de oportunidade em Brasília. Ao contrário do que se possa imaginar, eles não trocaram a vida rural pela urbana. Vieram de todas as partes do país reivindicar o direito de permanecerem na roça. Reunidos no 1º Festival Nacional da Juventude Rural desde a segunda-feira (26/03), eles vão discutir, durante quatro dias, melhorias nas políticas para a educação, esporte e cultura no campo. Organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com o apoio de órgãos do governo, o encontro vai produzir uma carta-manifesto a ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima quinta-feira, quando os jovens farão uma marcha pela Esplanada dos Ministérios. No documento, eles vão expor principalmente as dificuldades enfrentadas para se ter acesso à escola e a crédito rural, além da falta de lazer no campo.
Educação - A intenção do grupo é reverter o cenário atual do interior, no qual jovens percorrem longos trechos para chegar à escola ou são obrigados a se mudar para municípios maiores se não quiserem largar os estudos. As maranhenses Cleane Cunha de Oliveira, 21 anos, e Francisca da Costa Brito da Silva, 26, viajaram três dias de ônibus para chegar à capital federal. Trouxeram na bagagem a angústia dos jovens que moram na área rural do município de Timbiras. Por falta de escolas rurais e sem transporte, vão para a escola de bicicleta em uma jornada diária de até duas horas, dependendo da área onde moram. "A gente participa de atividades sindicais e fica direto em Timbiras", destaca Cleane.
Escolas rurais - O Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação, Ricardo Henriques, reconheceu o problema. "Em 10 anos, houve pelo menos 20 mil escolas rurais fechadas, mas o Plano de Desenvolvimento da Educação prevê mudanças", destacou. De acordo com Henriques, além da atenção ao número de escolas no campo o ministério prevê melhoria na formação dos professores e infra-estrutura dos estabelecimentos de ensino rural.
Pronaf - Durante o primeiro dia do encontro, no Ginásio Nilson Nelson, os representantes da juventude rural também reclamaram das dificuldades para participar do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Jovem (Pronaf Jovem), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Para a coordenadora nacional dos Jovens Trabalhadores Rurais da Contag, Maria Elenice Anastácio, os critérios do Pronaf dificultam a seleção dos jovens. "Estar em escolas agrotécnicas é prioridade para alguns, mas a maioria da juventude rural brasileira não teve acesso a escolas agrotécnicas ou escolas agrícolas". (Correio Braziliense)