FOCO DE AFTOSA: Missão tenta reduzir prejuízos

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Achar os culpados pelo surgimento de um foco de aftosa no Mato Grosso do Sul, na divisa com o Paraná, não vai resolver os problemas econômicos causados em conseqüência da doença. O maior urgente é tentar reduzir as perdas econômicas. Por isso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) enviou uma missão econômica para participar de uma reunião na Organização Internacional de Epiziotias (OIE), nesta sexta-feira (14/10), onde explicará as ações adotadas pelo Brasil para combater o foco de febre aftosa detectado em Eldorado, no Mato Grosso do Sul, no último dia 8. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do Fórum Nacional dos Órgãos Executores de Defesa Agropecuária e diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária, Altino Rodrigues Neto, após participar de encontro com o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel, e representantes dos governos de São Paulo, Mato Grosso e Goiás.

Restrições - A missão é chefiada pelo coordenador-geral de Combate a Doenças do Departamento de Saúde Animal, Jamil Souza. O presidente do Fórum Nacional de Órgãos Executores de Defesa Agropecuária, formado pelo Mapa e por representantes dos estados, confirmou ainda que a carne bovina brasileira já enfrenta restrições no comércio mundial. A União Européia suspendeu as importações procedentes do MS, SP e Paraná, enquanto que a Inglaterra deixou de comprar o produto proveniente do MS e PR. Já Israel e a África do Sul fecharam seus mercados para toda a carne bovina produzida no país. Rodrigues acredita, porém, que a ida da missão do Mapa à OIE deverá reverter a situação para os Estados do Paraná e São Paulo.

UE pode reavaliar - A UE sinalizou a negociadores brasileiros que está aberta a reavaliar a suspensão das importações, conforme as medidas que o Brasil tomar para controlar o foco. Segundo um especialista, a UE teria vetado a carne do Paraná pela proximidade com o Mato Grosso do Sul. Já a suspensão das compras de São Paulo seria devido às incertezas em relação ao trânsito de animais entre os dois Estados. São Paulo, Minas, Goiás, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Santa Catarina proibiram o trânsito de animais e derivados do Mato Grosso do Sul. A suspensão pela UE da compra dos três Estados não agrada aos importadores europeus, que estariam se movimentando para que São Paulo seja reaberto, disse uma fonte que esteve na Alemanha, na feira de Anuga. A expectativa é de que a ausência da carne brasileira gere altas de 25% a 30% no preço do produto no varejo europeu. A decisão da Rússia de proibir apenas as importações do Mato Grosso do Sul acabou surpreendendo exportadores e o governo, que esperavam uma decisão mais drástica. A avaliação é que a Rússia, no momento, depende da oferta de carne brasileira.

Reunião de secretários - Nesta sexta-feira (14/10) será realizada, em Brasília, uma reunião com os secretários estaduais de Agricultura e os superintendentes federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos estados componentes da zona livre de aftosa (RS, SC, SP, MT, MS, GO, RJ, MG, ES, BA, SE, TO, AC, RO e DF) para apresentar as medidas adotadas até o momento para padronizar as ações em relação à ocorrência de aftosa em Eldorado, provocado por um vírus do tipo O. O foco foi detectado na fazenda Vezozzo e quase 582 animais foram sacrificados. Assim que a doença foi constatada oficialmente, por intermédio de exame de amostras no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), o Mapa comunicou o caso à OIE, aos países vizinhos e aos mercados compradores de carne bovina brasileira.

Pronunciamento do ministro - O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, fez um pronunciamento na noite de terça-feira (11/10) em rede nacional de rádio e televisão para explicar à população as providências que estão sendo tomadas para conter o avanço da febre aftosa. Em seu pronunciamento, Rodrigues informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que não faltem recursos para a defesa sanitária. O presidente, segundo o ministro, também quer que sejam criadas penalidades para os responsáveis por eventos dessa natureza. O ministro destacou as medidas de emergência adotadas para controlar a doença, como a interdição de Eldorado e dos municípios vizinhos, sacrifício dos animais e envio de comunicado oficial sobre a ocorrência do foco a organismos internacionais. O ministro ressaltou ainda a importância da vacinação contra a febre aftosa e da vigilância sanitária permanente sobre os rebanhos em todo o País.

Prejuízos - União Européia, Chile, Paraguai, África do Sul, Israel e Rússia já decretaram embargo à compra de carne brasileira após a descoberta o foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Estima-se essa decisão afete entre 55% e 60% das exportações de carne bovina com destino aos países europeus. O governo também confirmou o embargo de Israel e da África do Sul para a carne de todo o país. O Ministério informou ainda desconhecer a dimensão dos embargos adotados por Rússia, Chile e Paraguai porque ainda não recebeu a notificação oficial. O governo russo, no entanto, divulgou medida bastante severa. O país, um dos principais importadores de carne brasileira, proibiu não apenas a compra da carne bovina como também de suínos, frango, animais vivos, leite e demais produtos lácteos, ração a base de proteína animal e qualquer equipamento que tenha sido utilizado no processamento de carnes do Mato Grosso do Sul. Poderão continuar as exportações à UE os seguintes Estados: Minas Gerais (exceto alguns municípios); Espírito Santo; Santa Catarina; Goiás (exceto alguns municípios), assim com uma parte do Mato Grosso.

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