FÓRUM DOS PRESIDENTES II: Dilma e Serra têm perfis semelhantes, afirma Cristiana Lôbo

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"Nunca vi uma campanha tão acirrada como esta", disse a jornalista Cristiana Lôbo, em sua palestra sobre o perfil dos candidatos à Presidência da República, ministrada no dia 29 de julho, na sede do Sistema Ocepar, como parte das comemorações do 88º Dia Internacional do Cooperativismo. Com quase trinta anos de carreira, Cristiana Lôbo é especializada na área política. Já cobriu os governos João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, é comentarista política no canal a cabo Globo News. Em Curitiba, ao falar para dirigentes de cooperativas que vieram à capital paranaense para o Fórum dos Presidentes e também para assessores de imprensa e jornalistas de diversos veículos de comunicação que participaram do Fórum dos Comunicadores, Cristiana Lôbo fez um retrospecto do cenário político brasileiro e teceu comentários sobre os principais atores da campanha eleitoral de 2010.  Falou ainda sobre os fatores que podem interferir no resultado das eleições, a exemplo dos índices positivos da economia, mas disse que tudo pode mudar a partir de 17 de agosto, data que marca o início da fase mais importante da campanha eleitoral que são os programas eleitorais gratuitos no rádio e na televisão. "Segundo pesquisas, 75% das pessoas decidem em quem irão votar com base no que viram e ouviram nos programas eleitorais na TV e 7% nos programas de rádio", disse.

Perfis semelhantes - Será a 6ª eleição direta desde a redemocratização (eleições de 1985, em que foi eleito o primeiro presidente civil desde as eleições de 1960).  O Brasil que vai às urnas em 2010 é muito diferente do país que votou em 1994 a 2002. Nesta eleição mais de 135 milhões de brasileiros irão escolher um entre os nove candidatos que disputam a Presidência da República. No entanto, é nítido que a disputa está polarizada entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). "Ambos têm perfis semelhantes: nenhum têm carisma, suas origens são de esquerda, são centralizadores, autoritários, se apresentam como gestores e defendem um Estado forte. Além do que a campanha de ambos marca uma geração, a de 64 que lutou contra o golpe militar", comentou Cristiana.

 

Boa comunicação faz diferença - Segundo a jornalista, na falta de carisma, esta será a campanha da comparação. "Dilma quer ser comparada com o Lula, e Serra quer ser comparado com Dilma e não com Lula, que tem alta popularidade. Também é uma campanha marcada por embate de obras: ambos querem mostrar quem fez mais", disse. Entre os fatos que marcam à corrida eleitoral, a Cristiana citou a atuação do presidente Lula, o maior cabo eleitoral da candidata petista e que muitas vezes acaba até ofuscando a candidata petista. "O Lula acha que pode ser o ´Real` da  Dilma", disse, fazendo referência às tentativas de Lula de angariar votos para Dilma. E as lições do atual presidente estão valendo tanto para a candidata petista quanto para o candidato tucano. "Lula mostrou que o sucesso vem de baixo. Por isso, tem que aprender a se comunicar. A Dilma está tentando colocar os ensinamentos do seu principal padrinho em prática, fato que é percebido até mesmo na forma em que ela discursa no palanque, movimentando-se de um lado para o outro e usando um palavreado mais popular. O José Serra também está fazendo esforço para mostrar-se mais simpático, mesmo assim o PSDB ainda precisa melhorar o seu discurso", afirmou.

 

A campanha das batalhas jurídicas - Cristiana Lôbo mencionou ainda as duas grandes batalhas desta eleição (jurídica e das pesquisas - com equipe de advogados e institutos de pesquisa), e comentou sobre a característica do voto feminino. "O PT tem grande dificuldade em angariar votos entre as mulheres, apesar de ter uma candidata feminina disputando o cargo mais importante do país. A mulher é a última a decidir o voto, porém, é a que mais influencia nas decisões da família. Mas isto não significa que elas são indecisas, porque o que acontece é que a mulher analisa bem as propostas, principalmente, as de saúde e educação", afirmou.

 

Economia - "O poder de compra da população é o maior em 14 anos. E essa sensação de bem-estar reflete nas decisões de voto. Além de ajudar a aumentar o poder de compra da população, Lula deixa como legado um programa de governo focado no diálogo e na área social, o que também é bem visto pelo eleitorado. Só que uma hora essa conta terá que ser paga, já que ao longo dos anos deixou-se de fazer investimentos importantes para o crescimento do país, cite-se como exemplo a falta de obras de infraestrutura", completou a jornalista.

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