FÓRUM NA OCEPAR: Rodrigues fala sobre mercado e sanidade
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O ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues, que atua como consultor, avalia que a questão sanitária é essencial para o mercado internacional. “Há uma clara tendência de preocupação com a forma de produção, entre as demandas por consumo. Então, certificação e rastreabilidade são fatores cada vez mais relevantes e determinantes da condição competitiva. E na raiz da certificação está a questão sanitária”, analisou. O ex-ministro foi um dos palestrantes do Fórum de Comércio Internacional 2006, realizado na quinta-feira (23/11) na sede da Ocepar, em Curitiba. Rodrigues destacou precisa haver clareza nas ações na área de sanidade e se trabalhar com recursos suficientes. “A preocupação com defesa sanitária não é uma preocupação exclusiva do governo federal, é também do produtor, porque ele só vai competir no mercado se cuidar da defesa sanitária”, lembrou Rodrigues.
Envolvimento - “Tem que haver ainda participação dos governos estaduais, porque são eles que executam”, completou. O ex-ministro acredita que o Brasil está cada vez mais consciente da necessidade de se investir em ações e programas de sanidade, tanto no nível privado quanto dentro do governo. Ele defende integração entre todos os países para se eliminar a aftosa do continente. Rodrigues disse ainda que sabia que o risco da aftosa existia e que a doença apareceria eventualmente e que traria prejuízos. Sobre os transgênicos, Rodrigues disse que o País está atrasado no avanço científico, por causa da burocratização. Mas ele disse que há tendência de flexibilização.
Negociações - Em sua palestra no fórum, Roberto Rodrigues citou que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio alcançou R$ 538 bilhões e abordou as negociações agrícolas internacionais, blocos econômicos e ganhos e perdas na rodada de Doha para o Brasil. Ele lembrou que a negociação foi focada em três pilares: acesso a mercados, subsídio à exportação e apoio doméstico.
O evento - Os objetivos do evento foram analisar as perspectivas do agronegócio do Paraná e o posicionamento das cooperativas no cenário mundial, além de analisar os resultados das negociações no comércio internacional e as tendências para os próximos anos, bem como identificar possíveis parceiros comerciais do Brasil e os caminhos para as cooperativas exportarem. O evento, com cerca de cem participantes, foi uma promoção da Ocepar e cooperativas agropecuárias do Estado. O fórum está voltado a dirigentes comerciais e profissionais das cooperativas do ramo agropecuário.
Mercados e potencialidades - O economista e professor da Escola Superior de Agricultura de Angers (na França) e consultor na área de comércio internacional Jean-Yves Carfatan, outro palestrante do fórum, falou sobre o cenário dos mercados internacionais de produtos agropecuários e o que podem fazer as cooperativas para conquistar mais espaço no mercado mundial e agregar valor aos produtos. Carfantan disse que tem uma “doença difícil de curar”, que é o otimismo. “O Brasil tem um futuro promissor nos mercados internacionais. Estamos entrando em uma nova fase muito favorável para o agronegócio brasileiro, com sinais de uma mudança estrutural e não apenas conjuntural”, comentou, falando sobre a recuperação dos preços internacionais de vários produtos, especialmente grãos. Essa fase tem duas características importantes, na avaliação do professor. “A agricultura está se tornando, isso não só no Brasil como no mundo, a primeira fonte de energias renováveis. E isso cria uma demanda nova que vem alterando o funcionamento dos mercados agrícolas. Os Estados Unidos vão reduzir, nos próximos anos, as exportações de milho porque vai precisar dele para produção de etanol para consumo interno. Isso é uma novidade completa. Isso abre oportunidade para o Brasil”.
Chance - Ao abordar as economias dos Estados Unidos e China, o professor falou que o atual motor do crescimento dá sinais de fraqueza. Na avaliação dele, esse motor está perdendo força. Carfantan disse ainda que a produção de etanol dos Estados Unidos vai passar a absorver mais milho que as exportações. “O Brasil tem que aproveitar esse novo ciclo para resolver suas dificuldades estruturais”, completou Carfantan, citando problemas logísticos e sanitários. Carfantan destacou que há uma oportunidade de mudar o paradigma ao se aproveitar a crise no agronegócio e as novas exigências sócio-ambientais. Segundo ele, o Brasil precisa converter seu agronegócio de commodities para produtos de alto valor agregado. E, nesse cenário, as cooperativas têm grandes oportunidades, destacou o economista.
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