INFORME PECUÁRIO: Boletim traz novos dados sobre o mercado de carnes e leite

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O comportamento do setor de carnes e de leite nos mercados externo e interno no mês de junho é o tema da última edição do Informe Pecuário, publicada pela Gerência Técnica e Econômica do Sistema Ocepar. O boletim apresenta ainda dados da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) sobre produção do primeiro trimestre do ano.

1. Carne Bovina

1.1. Mercado Externo

As exportações de carnes in natura do país em junho mostraram recuperação em volume na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas as receitas ainda sofreram com preços de venda baixos. De acordo com os dados divulgados pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento), no mês de junho os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 89,9 mil toneladas de carne bovina in natura, gerando uma receita de US$ 289,2 milhões.

O volume apresentou alta de 19,77% em relação os resultados do mês de maio e aumento de 9,33% na comparação com o volume exportado em junho de 2008. A receita apresentou crescimento de 23,37% em relação ao mês anterior, porém na comparação com o mesmo período de 2008 a retração foi de 13,60%. A razão é o preço de venda - US$ 3.216,80 a tonelada - ainda 21% inferior ao de 12 meses atrás.

No primeiro semestre as exportações brasileiras de carne bovina in natura tiveram receita de US$ 1,359 bilhão, recuo de 28,82% em relação ao mesmo período de 2008. O volume teve retração de 12,91%, somando 454.828 toneladas. A demanda internacional ainda retraída é uma das razões para esse cenário.

1.2. Mercado Interno

As escalas dos frigoríficos continuam curtas e os negócios se mantêm lentos. Os pecuaristas continuam esperando novas altas para voltar a negociar com mais intensidade, do outro lado os compradores afirmam que o mercado da carne está muito ruim e não podem elevar as ofertas.

Os preços da arroba do boi gordo estiveram firmes nos últimos dias. A baixa oferta de animais, por conta da entressafra, e a diminuição das escalas de frigoríficos de diversas regiões, sustentaram os valores da arroba. No final do mês de junho, o indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 82,02/arroba, com desvalorização de R$ 0,12. O indicador a prazo registrou alta de R$ 0,19, sendo cotado a R$ 83,01/arroba.

No Paraná, segundo dados do Sindicarne - Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados, a média do boi gordo no mês de junho ficou entorno de 76,00 R$/arroba.

1.3. Produção

Segundo a Pesquisa Trimestral de Abates do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada recentemente, no 1º trimestre de 2009 foram abatidas 6,446 milhões de cabeças de bovinos. Tal volume quando comparado ao número informado no 1° trimestre de 2008 indica nova redução no número de animais abatidos (-11,08%). Com relação ao 4º trimestre de 2008, a queda foi menos acentuada (-3,61%). No mesmo período, para o Estado do Paraná, o IBGE registrou o abate de 240,7 mil animais, um valor 15,32% inferior ao 1º trimestre de 2008, e 27,32% menor do que o 4º trimestre de 2008.

2. Carne Suína

2.1. Mercado Externo

A carne suína sofreu grande queda nas exportações no mês de junho. Na comparação entre os preços por tonelada exportada, em junho deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado, a redução foi de 32,70%. Em relação a maio, a queda foi bem menor, de 1,8%. Segundo o Ministério do Desenvolvimento (SECEX/MDIC), a cotação média foi de US$ 1.992,0 por tonelada. Os volumes somaram 47,5 mil toneladas em junho, 2,5% a menos que em maio e 2% acima de igual mês de 2008. A receita foi de US$ 94,6 milhões, queda de 4,3% sobre maio e de 31,4% em relação a junho do ano passado.

A gripe A (H1N1), ainda não interfere nas exportações brasileiras, mas o aumento de casos no país nos últimos dias tem elevado o receio de possíveis restrições por parte de importadores. O número de casos confirmados de gripe H1N1 no Brasil chegou a 885, com o registro de 73 novos infectados pelo vírus, segundo o Ministério da Saúde. Os novos casos foram registrados nos Estados de São Paulo (61), Pernambuco (4), Paraíba (2), Rio Grande do Sul (2), Santa Catarina (2), Ceará (1) e Rio Grande do Norte (1), segundo nota do ministério, no inicio do mês.   

2.2. Mercado Interno

Os preços do suíno apresentaram alta em várias regiões produtoras, impulsionada pela combinação de oferta relativamente baixa com aumento da demanda. Segundo análises do Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, no final de junho, o animal vivo no mercado da região de São Paulo foi negociado na média de R$ 2,74/kg, alta de 44,03%, comparado com o encerramento de maio. Para a carcaça comum e também para a especial, a valorização está por volta de 40% no atacado da Grande São Paulo, negociadas a R$ 4,20/kg e a R$ 4,40/kg, respectivamente.

Segundo o Sindicarne - Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados, no Paraná, a cotação média do suíno vivo tipo carne, fechou o mês de junho a 1,66 R$/Kg, uma elevação de 7,09% em relação ao final do mês de maio. A SEAB apresenta para o mês de junho o valor de 1,84 R$/ Kg, aumento de 9,52% em relação a maio.         

2.3. Produção

Segundo dados da Pesquisa Trimestral de Abates do IBGE, o abate de suínos atingiu 7,322 milhões de animais, 7,15% mais que entre janeiro e março de 2008, mas 1,2% a menos que de outubro a dezembro.             Para o Estado do Paraná, o IBGE registrou no 1º trimestre de 2009, o abate de 1,194 milhões de animais, um valor 10,80% superior ao mesmo período do ano passado. Na produção de suínos, o Paraná é o terceiro maior produtor nacional, responsável por 16,3% dos abates realizados no País durante o primeiro trimestre deste ano. O estado de Santa Catarina é o maior produtor de suínos, com 2,07 milhões de cabeças abatidas, e o Rio Grande do Sul, o segundo maior produtor, com 1,73 milhões de cabeças abatidas.

3. Carne de Frango

3.1. Mercado Externo

Conforme dados da SECEX/MDIC em junho os embarques brasileiros de carne de frango in natura somaram 301.806 toneladas, volume que representou o aumento de 13,79% sobre o mês de maio, e de 3,01% sobre junho de 2008. O preço médio do produto in natura embarcado, também melhorou, em relação ao mês anterior, atingindo o valor de US$1.519/t, aumento de 5,73% sobre maio de 2009. Essa reação mostra que a demanda mundial está retornando aos patamares de antes da crise. Contudo, esse valor está 17,48% menor, em relação ao preço recebido no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, os exportadores acreditam que os volumes devem seguir avançando, principalmente com a abertura direta do mercado da China, em maio deste ano, para o frango brasileiro.         

3.2. Mercado Interno

Os preços do frango vivo estão se mantendo estáveis e tal sustentação tem relação com o aumento das exportações no mês de junho. As análises do Cepea indicam que no acumulado, o frango vivo no mercado independente valorizou 18% em Pará de Minas (MG), 11% em Descalvado (SP) e 9% em Toledo (PR).

Ao alcançar, preços estáveis por volta de 1,90 R$/kg, o frango vivo comercializado faz com que neste instante o setor alcance melhor preço no ano, na média nacional. Naturalmente, esse resultado não foi alcançado por acaso, é reflexo da conscientização do setor produtivo, que soube adequar sua produção a realidade do mercado com a crise econômica mundial.

De acordo com dados da Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), no mês de junho, o preço médio recebido pelos produtores no Paraná, para frango vivo foi de 1,73 R$/kg, aumento de 7,45% em relação a maio. Nesse mesmo mês, no atacado o valor do frango congelado teve média de 2,91 R$/kg e o resfriado 2,86 R$/kg, no varejo a média foi de 3,58 R$/kg e 3,90 R$/kg, respectivamente.          

3.3. Produção 

Segundo dados do IBGE, no primeiro trimestre de 2009, os abates de frango alcançaram 1,122 bilhão de unidades, quedas de 5,84% em relação aos primeiro trimestre de 2008, e de 10,81%, quando comparado com o ultimo trimestre de 2008. No Paraná se observou uma queda de 2,42% em relação ao primeiro trimestre do ano passado e redução de 7,03% em comparação com o ultimo trimestre de 2008.

Contudo, o Paraná lidera a produção e o abate de frangos do País, sendo responsável por 26,5% dos abates realizados em todo o País. Do total abatido no país em 2009, o Paraná foi responsável por 297,3 milhões de cabeças. O segundo maior produtor foi o estado de Santa Catarina com um volume de 211,3 milhões de cabeças abatidas, seguido do Rio Grande do Sul com 158,8 milhões de cabeças abatidas.

 

4. Leite

4.1. Mercado Externo

No caso do Brasil, o comércio internacional encontra-se praticamente estagnado, tanto nas exportações (preços externos ruins e câmbio desfavorável), quanto nas importações. No contexto do mercado externo de lácteos, foram comercializadas quantidades menores de leite in natura no 1º trimestre de 2009, comparativamente ao mesmo período de 2008 (SECEX/MDIC). A queda acumulada no trimestre comparativamente ao 1º trimestre de 2008 foi de 56,1%, embora deva-se enfatizar a participação ainda pequena do Brasil na comercialização deste tipo de produto no exterior. Quanto ao leite em pó, cuja participação é um pouco maior, a queda acumulada no 1º trimestre de 2009 foi de 11,1%, em volume, e de 35,6%, em faturamento, quando comparado com o 1º trimestre de 2008. Entre os principais importadores dos produtos lácteos brasileiros destacam-se Venezuela e Angola.

A barreira às importações de lácteos da Argentina, através do licenciamento não automático, já mostra resultados: no mês de maio, foram importadas 3,03 mil toneladas de leite em pó (equivalente a 24,8 milhões de litros de leite), sendo 2,31 mil toneladas (76%) provenientes da Argentina (ao preço médio de US$ 2.1878/t) e 725 toneladas provenientes do Uruguai (preço médio de US$ 2.008/t). O acordo estabelecido no final de abril com a Argentina, em relação às importações, estabeleceu-se como preço mínimo para a tonelada do leite em pó o valor vendido pela Nova Zelândia, e volume máximo de 3 mil toneladas por mês.             

4.2. Mercado Interno

Atualmente, a atividade leiteira encontra-se em período de entressafra. A redução na oferta do produto, que é rotineira nestas épocas, este ano agravou-se devido à estiagem que atingiu varias regiões produtoras, sendo fator importante na recuperação gradativa dos preços do leite no mercado interno.

A entressafra e a disputa por matéria-prima pelos laticínios fizeram o leite ao produtor registrar uma alta de 6,77% no Paraná no mês de junho, de acordo com levantamento da SEAB. Com isso, o preço médio pago ao produtor, pelo leite entregue em junho, ficou em R$ 0,633 por litro. Com a menor oferta por causa da entressafra no Centro-Sul, as indústrias têm pago mais pelo leite para garantir o fornecimento.

Parte da alta ao produtor se deve a repasses em função dos aumentos expressivos recentes dos lácteos no varejo e no atacado. Os dados da SEAB mostram que o leite longa vida, por exemplo, alcançou R$ 2,25 o litro no varejo paranaense em junho, 22,28% acima dos R$ 1,84 de maio. Ainda no varejo, para o leite tipo C a alta foi de 15,55% , já o leite em pó teve baixa de 7,57%.

A expectativa é de que a produção de leite comece a se estabilizar a partir de julho, o que deve frear a novas altas. Outro fator que deve evitar fortes altas do leite são as férias escolares. Geralmente, o consumo de lácteos diminui nesse período do ano.

 

4.3. Produção 

Segundo dados do IBGE, no 1º trimestre de 2009, foram adquiridos 4,954 bilhões de litros de leite pelos estabelecimentos industriais que atuam sob algum tipo de inspeção e são investigados pela pesquisa. Comparativamente, tanto ao mesmo período de 2008 quanto ao 4º trimestre do mesmo ano, observou-se certa estabilidade da aquisição (-0,60%) e (0,51%), respectivamente.

Considerando o 1º trimestre de 2009, Minas Gerais é o principal Estado em aquisição de leite, com 26,79% do total (1,326 bilhão de litros). O segundo lugar é ocupado pelo Rio Grande do Sul, com 14,29% do total (708 milhões de litros). Goiás fica com a terceira posição, com 12,32% da captação total (610 milhões de litros). Em quarto lugar está o estado de São Paulo, com 10,58% do total (523 milhões de litros). O Paraná aparece em quinto lugar com 9,62% (476 milhões de litros).

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