INSUMOS: Venda de adubo será recorde no próximo ano

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A agricultura brasileira deve bater outro recorde de consumo de fertilizantes em 2008. Estão projetados 25,5 milhões de toneladas, 5,2% mais que o volume também recorde de 2007 (24,2 milhões). A cultura da soja, maior consumidora do produto no Brasil, absorverá no próximo ano 6,8% mais adubo do que em 2007, atingindo 8,4 milhões de toneladas. Apesar dos preços deprimidos no setor sucroalcooleiro, os canaviais também consumirão mais fertilizante. Serão 5,2% mais, saindo dos 3,5 milhões de toneladas para 3,7 milhões. "A cultura está indo para as áreas de pastagem degradadas do Cerrado, que exigem mais adubação", justifica André Pessôa, diretor da Agronconsult, consultoria responsável pelas projeções.

Demanda aquecida - Mas, a demanda por fertilizante continuará aquecida também no restante do mundo, sobretudo na Ásia e no Leste Europeu. A concorrência, alerta, Pessôa, exigirá das indústrias brasileiras um estoque de passagem maior. "O Brasil não poderá mais solicitar a importação das matérias-primas na época em que a sazonalidade brasileira definir. Isso porque os concorrentes estão agressivos no mercado e têm a vantagem de terem o fluxo de navios mais próximos, no eixo Ásia-Leste Europeu", completa o especialista.

Estoques - A Agroconsult estima que em 1º de janeiro de 2008, o estoque das indústrias brasileiras será de 4,420 milhões de toneladas, o equivalente a 87 dias do consumo. "Pode até parecer um volume muito elevado. Mas consideramos razoável pelas condições já explicadas sobre a forte concorrência mundial pelo produto", explica Pessôa. No começo deste ano, o estoque de passagem das indústrias de adubos do Brasil somavam 4 milhões de toneladas e, em 2006, cerca de 2,2 milhões de toneladas.

Compras antecipadas - Mesmo as indústrias tendo estoques maiores, Pessôa alerta os produtores a comprarem antecipadamente, no primeiro semestre. Mesmo em um cenário em que 34% do consumo do ano são adquiridos no primeiro semestre - o que está dentro da média dos últimos anos - a situação será bem crítica ao setor de distribuição das indústrias. "As empresas trabalharão no seu limite de capacidade logística, o que trará reflexos nos preços de frete e de adubo", alerta o especialista. A estimativa da consultoria é de que será necessário às empresas entregar uma média de 3,4 milhões de toneladas mensais, ante os 3 milhões de toneladas feitos em 2007.

Custo - Os preços dos fertilizante devem ser reajustados entre 5% e 8% em 2008, segundo estima a consultoria. Na média de 2007, os valores praticados ficaram em US$ 380 a tonelada (média de formulações para todas as culturas), 52% mais que a média de US$ 250 praticados em 2006. "Não haverá redução de preço. Esse valor pode ter ainda picos de alta durante os meses de agosto e setembro, quando o consumo costuma ser maior", lembra.

Relação de troca - A aquisição antecipada evita mais esse custo adicional ao produtor que terá relação de troca com fertilizante inferior em algumas culturas. No caso da soja, em maio de 2007 uma tonelada de adubo era comprada com dez sacas do grão, relação que para o mês de maio de 2008 é de 14 sacas. O cálculo considera os preços da saca de soja em maio de 2008 na Bolsa de Chicago (US$ 22). Pessôa acrescenta que a relação de troca também ficará prejudicada para o milho. Já o algodão manterá a mesma relação de 2007. (Gazeta Mercantil)

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