INVESTIMENTOS: Catarinense Aurora retoma investimentos engavetados
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A catarinense Coopercentral Aurora pretende retomar, neste ano, alguns projetos de investimentos que engavetou em 2006 em virtude da queda das vendas de aves, sobretudo no primeiro semestre, e da crise no mercado de suínos decorrente do embargo russo a produtos de parte do país, inclusive Santa Catarina. Os aportes deverão somar R$ 240 milhões, distribuídos entre os segmentos de aves, suínos, rações e lácteos. A cooperativa inicia 2007 mais otimista porque aposta na regularização das compras russas ainda neste início de ano e acredita em melhora nas exportações de aves para a Europa depois do arrefecimento do pânico em relação à gripe aviária na Europa. A Aurora também espera que Santa Catarina seja reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como Estado livre de febre aftosa sem vacinação.
Barreira - A entidade vai analisar o pleito catarinense em maio, durante reunião em Paris. A aprovação credenciaria o Estado para exportar para outros países que são fortes consumidores de suínos como o Japão. A barreira russa aos suínos de Santa Catarina foi imposta após a confirmação da ocorrência de febre aftosa em bovinos do vizinho Paraná, no fim de 2005. Os investimentos da cooperativa ocorrerão após um ano de cautela. Em 2006, a Aurora investiu apenas R$ 30 milhões. Segundo Mário Lanznaster, vice-presidente do grupo, serão retomadas a duplicação da produção de frangos em Maravilha (SC) - o abate deverá atingir 300 mil aves por dia -, a construção de uma unidade de ração em Cunha Porã (PR), a instalação de novos equipamentos para lácteos (especialmente leite longa vida e queijo) em Pinhalzinho (SC), a ampliação da operação gaúcha de abate de suínos e a otimização de todas as plantas para reduzir custos fixos. A cooperativa espera financiar parte dos investimentos com recursos do BNDES.
Suinocultura - Embora acredite na abertura do mercado russo para Santa Catarina, os investimentos mais pesados da Aurora em suínos serão concentrados no Rio Grande do Sul, na unidade de Sarandi. Nesta frente o grupo continuará cauteloso - começará com a ampliação da única de suas plantas que hoje pode exportar à Rússia. O abate nesta unidade passará de 1.350 para 1.750 cabeças por dia. Lanznaster diz que a área de suínos vem se recuperando de um 2006 "dificílimo". "A suinocultura catarinense pagou caro por isso. Até agosto foi um ano de desespero". Segundo o dirigente, até meados do ano passado os estoques estavam muito elevados e foi preciso inclusive usar áreas terceirizadas para armazenamento. Uma melhora nas vendas de suínos, principal mercado de atuação da cooperativa, só ocorreu depois disso, com a maior demanda no mercado interno decorrente de incentivos ao consumo. Grandes redes varejistas passaram a ofertar carne suína em acordo com produtores.
Perspectiva - No acumulado do ano, apesar do mercado desfavorável, a maior cooperativa agropecuária de Santa Catarina registrou receita operacional bruta de R$ 1,9 bilhão, um pouco acima do resultado do ano anterior (R$ 1,7 bilhão). Houve sobras (lucros) de 1,3% da receita operacional bruta. Para 2007, a Aurora projeta uma receita de R$ 2,3 bilhões. Ao longo de 2006, o mercado externo perdeu peso na receita da Aurora. As exportações de aves e suínos corresponderam a 23% do faturamento. No ano anterior, corresponderam a 24,6% e havia uma expectativa inicial de que elas chegassem a 30% em 2007. Segundo Lanznaster, o embargo russo e o câmbio prejudicaram as vendas fora do país. Isso além do pânico com gripe aviária na Europa, que levou ao cancelamento de compras de alguns importadores durante o segundo trimestre. (Valor Econômico)