MILHO: Safrinha cresce à base de subsídio

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Depois de um ano em que os produtores de milho precisaram de socorro do governo para não sair no prejuízo, o Brasil está ampliando a produção do cereal. O quadro se confirma com os números da 2ª safra, a chamada safrinha, cada vez mais próxima do tamanho da safra de verão. Os estados produtores esperam colher 19 milhões de toneladas, 10% a mais que no mesmo período do ano passado, apurou a Expedição Safra RPC. Mato Grosso amplia a área de cultivo e Paraná ganha em produtividade. A sondagem abrange 12 estados.

Preços - Os preços atuais são pouco animadores. Em Mato Grosso, na região de Primavera do Leste, o produtor gasta até R$ 15 para produzir uma saca de 60 quilos de milho, calcula a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O valor é quase o dobro do que ele recebe do mercado atualmente, R$ 8,50/sc.

Falta de opção - O que justifica a ampliação do plantio? "A falta de outras opções de inverno e a expectativa de apoio do governo para a comercialização", responde o superintendente da Conab em Mato Grosso, Ovídio Miranda. Ele afirma que a promessa é de liberação de recursos públicos equivalentes aos repasses do último ciclo. O apoio ocorre através de Pepro e PEP, com prêmio para o produtor ou para o comprador que garantir preço mínimo, respectivamente.

Produção - O milho 2ª safra terá produção 10% maior neste ano. Na safra 2008/09, Mato Grosso produziu perto de 8 milhões de toneladas de milho. E foram liberados R$ 343 milhões para escoamento de 5,1 milhões de toneladas. A maior parte disso foi exportada, mas boa parcela acabou em regiões como o Nordeste, que é um centro consumidor, mas também produz o cereal. Na última semana, o governo teve de apoiar a comercialização de 95 mil toneladas de milho na Bahia. Agora, com a produção da 2ª safra (7,26 milhão) e da safra de verão (315 mil toneladas), Mato Grosso deve chegar novamente perto de 8 milhões de toneladas.

Paraná - Mesmo no Paraná, onde os preços do cereal estão em R$ 14 a saca, batendo nos custos, há menos ânimo para o plantio. "O milho de Mato Grosso pressiona os preços e torna o cultivo inviável", diz o assessor técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti. Os agricultores paranaenses reduziram a área da cultura em 29% no verão, limitando a safra a 6,7 milhões de toneladas. Agora, o recuo deve ser de 10% na segunda safra. Mesmo assim, a previsão é de colheita 23,3% acima da registrada um ano atrás, chegando a 5,6 milhões de toneladas. A diferença deve-se aos efeitos da seca na safrinha do ano passado.

Estoque - Ainda há muito milho para vender nos dois principais estados produtores. Mato Grosso tem cerca de 3 milhões de toneladas do inverno passado e o Paraná possui outros 5,5 milhões colhidos principalmente no último verão. A tendência é que os estoques cheguem novamente perto dos 11 milhões de toneladas no fim deste ano.

Comercialização - Até agora com apoio à comercialização equivalente a 20% do dispensado a Mato Grosso, o Paraná ainda espera ajuda de Brasília para reduzir estoques. Representantes da Ocepar, da Federação da Agricultura (Faep) e da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab) pressionam três ministérios: Agricultura, Fazenda e Planejamento. A liberação de recursos depende de portaria interministerial. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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