ONU: Fracasso em cúpula do clima poderia afetar comércio

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Um fracasso na tentativa de acordo durante a cúpula ONU sobre mudanças climáticas, em Copenhague em dezembro, pode por em risco a necessária revisão do sistema de comércio internacional, advertiu nesta quinta-feira (03/09) Pascal Lamy, que preside a Organização Mundial de Comércio (OMC). Ele destacou que uma ruptura nas negociações sobre redução de emissões de gases poderá ter repercussões com efeito devastador na arena comercial, pois alguns países querem bloquear a importação de mercadorias de países com níveis elevados de emissões.

Protesto - A Índia já protestou com os EUA contra a ameaça de tarifas sobre emissões de carbono contidas em legislação ambiental proposta pelo governo do presidente Obama.

Alerta - Falando em encontro de ministros do Comércio de 39 países em Nova Déli, que visa fazer avançar a Rodada Doha da OMC, Lamy advertiu contra a adoção de medidas comerciais com o objetivo de promover mudanças ambientais. "Eu espero sinceramente que haja [um acordo] em Copenhague. Se não houver acordo, nosso trabalho na OMC ficará mais difícil", disse Lamy ao Financial Times. "Medidas individualistas não alcançarão os resultados desejados. Confiar em que providências comerciais corrijam os problemas ambientais do mundo não funcionará."

Acordo - Ele disse que os líderes mundiais, que se reunirão este mês na cúpula do G-20, em Pittsburgh (EUA), precisam priorizar um acordo contra as mudanças climáticas antes de discutir como políticas comerciais poderiam ser usadas a favor da proteção ambiental. "Tenho a firme convicção de que a melhor definição para a relação entre comércio internacional e mudanças climáticas seria na forma de medidas em seguimento a um acordo internacional consensual sobre mudanças climáticas que tenha êxito em envolver todos os principais poluidores", disse.

Preocupação - Alguns países em desenvolvimento manifestaram preocupações quanto à aplicação de tarifas relacionadas com questões ambientais sobre exportações destinadas a países desenvolvidos à medida que crescem pressões para reduzir as emissões de gases-estufa. Esses países alegam que isso seria na realidade protecionismo.

Energia limpa - A lei Energia Limpa e Segurança Nacional, aprovada pela Câmara dos EUA em junho, ampliou o temor nos países em desenvolvimento de que possa resultar na adoção de esquemas punitivos, barrando fluxos comerciais.

Perigo - Num momento em que o mundo desenvolvido está tentando persuadir economias em crescimento, como China e India, a conter suas emissões, alguns especialistas em mudanças climáticas dizem que a ameaça de recorrer a medidas comerciais é "perigosa". "A discussão sobre comércio e clima já começou", disse um especialista. "Esse é um grande risco para Copenhague. Medidas relativas não produzirão uma dinâmica construtiva. Precisamos conversar em ambiente de colaboração."

Expectativa - Negociadores comerciais esperam que uma conclusão bem-sucedida da reunião desta semana em Nova Déli ajude a desatar o impasse na Rodada Doha e a colocar sua retomada na agenda do G-20 em Pittsburgh. Muitos vêm o acordo comercial como um estímulo econômico a mais para ajudar a economia mundial a sair da crise. Anand Sharma, ministro do Comércio da Índia, minimizou ontem a chance de uma rápida conclusão da Rodada Doha. "É patente a existência de algumas fissuras e de um grande número de questões não resolvidas." (Valor Econômico)

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